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Lula ironiza ida de Bolsonaro à Rússia: Importante levá-lo à Ucrânia também

Do UOL, em São Paulo

24/02/2022 09h01

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ironizou hoje a visita do presidente Jair Bolsonaro (PL) à Rússia e sugeriu que ele também vá à Ucrânia, horas após o presidente russo, Vladimir Putin, ordenar uma invasão ao país vizinho.

"Parece até uma piada, o Bolsonaro foi lá dizendo que ia resolver a paz e agora eu acho que é importante mandar ele lá pra Ucrânia pra ver se ele consegue resolver o problema lá. Como o Bolsonaro adora contar mentira, fazer fake news, ele foi lá e tentou passar pra sociedade que ele foi lá numa missão, ou seja, até hoje a gente não sabe o que ele foi fazer lá", disse o petista, provável adversário do presidente nas eleições presidenciais deste ano, em entrevista à rádio Luziânia.

Bolsonaro esteve na Rússia na semana passada e se reuniu com Putin. Embora o foco da viagem tenha sido a crise dos fertilizantes, o presidente disse "ser solidário à Rússia", mas não explicou o contexto da solidariedade. Não houve menção à Ucrânia na ocasião.

No dia em que o mandatário desembarcou na Rússia, o ex-ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles postou uma fake news que afirmava que Bolsonaro teria "evitado a terceira Guerra Mundial" ao ter supostamente exercido influência na retirada de soldados russos da fronteira com a Ucrânia, movimento que, na ocasião, atenuou a tensão entre os dois países.

Jen Psaki, porta-voz da Casa Branca, sede do governo dos Estados Unidos, afirmou que o Brasil "parece estar do outro lado de onde está a maioria da comunidade global", após ser questionada sobre o apoio de Bolsonaro à Rússia.

Ainda sobre a invasão russa à Ucrânia, Lula disse que não há como ninguém concordar com guerras ou ataques militares de um país contra o outro. "A guerra só leva a destruição, desespero e fome. O ser humano tem que criar juízo e resolver suas divergências em uma mesa de negociação, não em campos de batalha", afirmou o líder petista.

Registro de explosões e ataques

Após o início das mobilizações russas, houve registro de explosões e ataques a unidades de fronteiras ucranianas, além de movimentações de tanques. As ofensivas da Rússia fizeram as sirenes de emergência dispararem na Ucrânia e o presidente Volodymyr Zelensky adotar lei marcial no país.

Em comunicado divulgado horas após os ataques russos, o Kremlin declarou que a operação militar contra a Ucrânia durará o tempo que for necessário, dependendo de seus "resultados" e de sua "relevância", estimando que os russos apoiarão tal ofensiva.

Os ataques começaram após Putin ter dado sinal verde àquilo que definiu como "operação militar especial" da Rússia no leste da Ucrânia e mandar recado para aqueles que tentarem intervir. O anúncio foi feito por Putin, na noite de ontem, durante um pronunciamento transmitido em cadeia nacional.

Putin descreveu a medida como uma resposta às ameaças ucranianas e disse que visa a "desmilitarização e a desnazificação".

A Rússia tem mais de 150 mil soldados, tanques e mísseis posicionados ao longo da fronteira ucraniana. O regime de Vladimir Putin —que, inicialmente, negou a intenção de invasão e acusou americanos de "histeria"— reclama de uma eventual adesão de Kiev à Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), aliança militar criada para fazer frente à extinta União Soviética.

Para Putin, a Otan é uma ameaça à segurança da Rússia por sua expansão na região. Por isso, o presidente quer uma declaração formal de que a Ucrânia nunca vai se filiar à aliança.

Em contrapartida, os Estados Unidos e países aliados do Ocidente (como o Reino Unido, França e a Alemanha) ameaçaram o país com "sanções econômicas severas" e "resposta ágil", caso a invasão ocorresse.