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Sem citar emendas, Eduardo Bolsonaro diz que governo aboliu toma lá dá cá

12.mar.22 - Eduardo Bolsonaro no evento Brasil Profundo, em Londrina-PR - Reprodução/YouTube
12.mar.22 - Eduardo Bolsonaro no evento Brasil Profundo, em Londrina-PR Imagem: Reprodução/YouTube

Rafael Neves

Do UOL, em Brasília

12/03/2022 20h09

O deputado Eduardo Bolsonaro (União-SP) falou hoje em um evento político conservador em Londrina, no norte do Paraná. Em uma exposição de slides, afirmou que o governo do pai, Jair Bolsonaro (PL), extinguiu o "toma lá dá cá" na relação com o Legislativo. Eduardo disse que é "zoado" por ter criticado o chamado Centrão, em 2018, e mais tarde aliar-se ao grupo, com o governo.

De acordo com o parlamentar, Bolsonaro manteve exigência de perfil técnico e intolerância com a corrupção para o preenchimento de cargos. Foi isso que, segundo Eduardo, o ex-deputado Roberto Jefferson (PTB) teria ouvido restrições do general Luiz Eduardo Ramos, ministro da Secretaria-geral da Presidência da República.

"Ele [Ramos] falou o seguinte: primeiro, tem que ter qualificação técnica para o cargo. Tem? Beleza, então assina aqui. Se o seu indicado fizer besteira, ele tá na rua e a gente vai fazer a nota para a imprensa falando que foi indicação tua, beleza?", disse Eduardo.

O deputado defendeu que "o jogo mudou" e que o presidente precisa ter relação com o Congresso, "mas não é mais aquela relação de mensalão, petrolão e toma lá dá cá".

Consolidada na aliança que levou o deputado Arthur Lira (PP-AL) à Presidência da Câmara, a aproximação de Bolsonaro ao Centrão foi criticada especialmente após a descoberta do chamado orçamento secreto, um mecanismo que a Casa vinha usando para manter em segredo os beneficiários de emendas destinadas a eles no orçamento.

Reportagens do jornal O Estado de S.Paulo mostraram que boa parte do dinheiro reservado a essas emendas foi destinada para a compra de tratores e outras máquinas agrícolas nas bases dos parlamentares aliados. Por essa razão, o esquema foi apelidado de "tratoraço".

O caso foi ao STF (Supremo Tribunal Federal), que chegou a bloquear o repasse dos recursos. Diante do risco real de interrupção de gastos fundamentais, como em saúde e educação, o Tribunal recuou e liberou os pagamentos, mas obrigou o Congresso a dar transparência total aos beneficiários.

Essa decisão foi tomada em dezembro, na última semana útil do Tribunal no ano passado. Na ocasião, os ministros deram um prazo de 90 dias para que o Congresso publique e detalhe toda a distribuição das verbas. O prazo vence ao final do mês.