Do Val admite imaturidade, mas diz que 'países pobres são mais acessíveis'
O deputado estadual Arthur do Val (sem partido-SP) admitiu que "precisa amadurecer", mas tentou justificar o momento em que disse que mulheres pobres são "mais acessíveis" em entrevista na noite de hoje ao Domingo Espetacular, da Record TV, para falar sobre os áudios vazados pelo WhatsApp após ver uma fila de mulheres refugiadas ucranianas deixando o país em guerra.
Enquanto a reportagem reproduzia o áudio, o político conhecido como Mamãe Falei chegou a interromper, dizendo: "Essa é a pior parte". Contudo, reiterou a relação entre pobreza e acessibilidade expressa no áudio. "O que eu quis dizer é que os países que são mais pobres são mais acessíveis. E são mesmo", afirmou, sem deixar claro o que seria "mais acessível".
Após o vazamento dos áudios, o Podemos acatou a desfiliação do parlamentar. O Conselho de Ética da Alesp (Assembleia Legislativa de São Paulo) recebeu dez pedidos de cassação do mandato do parlamentar.
Ele também poderá ser convocado pelo Senado a prestar explicações por comentários considerados machistas.
'Eu tenho vergonha de ouvir isso', diz sobre áudios
Do Val disse reconhecer o erro e admitiu constrangimento ao ouvir um dos trechos do próprio áudio, exibido pela atriz e apresentadora Carolina Ferraz, que conduziu a entrevista.
"Eu tenho vergonha de ouvir isso. Não era conversa para todos ouvir. Era para os meus amigos. Parece que eu fui para um lugar onde tinha um monte de pessoas vulneráveis e fiquei igual a um maníaco. Não foi isso que aconteceu."
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'Realmente achei as mulheres muito bonitas'
Em seguida, contudo, reafirmou as mesmas percepções que motivaram o áudio.
"Eu entrei na Ucrânia. E, na hora que a gente foi embora a pé, eu acabei mandando [o áudio] pros meus amigos. Eu realmente achei as mulheres muito bonitas. Parece escroto comparando com fila de balada. Eu assumo que eu errei. Sinceramente, não sei te dizer. É só uma coisa feia", disse.
"Perdi a namorada e isso derrubou o meu chão. Talvez eu precise aprender mesmo. Não fui correto com a pessoa que estava comigo", complementou.
Do Val diz ver motivação política em pedidos de cassação
Apesar de reconhecer o erro, Do Val relacionou o pedido de cassação do seu mandato na Alesp à ação de rivais políticos.
"Isso não está acontecendo por causa dos áudios. Foi a ferramenta que [os deputados] encontraram para acabar com um opositor político", disse.
"Muitos se incomodam com minha atuação política e precisavam de um motivo. E eu errei ao dar um motivo", completou.
Ameaças de morte
O parlamentar negou que o vazamento dos áudios possa ter servido de incentivo ao turismo sexual e revelou estar recebendo ameaças de morte.
"Tenho que responder por aquilo que fiz. Errei e preciso sofrer as consequências. [As pessoas estão] ameaçando me matar porque mandei um áudio em um grupo de amigos", disse.
"Quero ser julgado pelo que eu fiz. Isso vai manchar a minha história para sempre. Tenho só que pedir desculpas", encerrou.
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