Pesquisa indica apoio eleitoral a controle de preços dos combustíveis
A guerra na Ucrânia impôs às principais pré-campanhas eleitorais brasileiras uma agenda que estava fora do radar neste início de ano: a urgência do debate sobre a a política da Petrobras para os preços dos combustíveis. Por ora, quem têm encontrado as maiores dificuldades são os pré-candidatos do centro, com exceção de Ciro Gomes (PDT). Ou seja, novamente Jair Bolsonaro (PL) e Lula (PT) estão em posição mais confortável, ao menos em termos de retórica eleitoral.
O pré-candidato petista e o presidente, assim como Ciro, defendem algum tipo de controle de preços dos combustíveis pelo governo. Essa posição encontra respaldo político em parte do Congresso e também entre os eleitores, indica a mais recente pesquisa Genial/Quaest: quando questionados se Bolsonaro está tomando uma medida "certa ou errada" ao falar em "congelamento" de preços, 52% dos entrevistados responderam que ele está correto, e 29% reprovaram a ideia.
A pesquisa também perguntou se "o governo está tomando uma medida certa em relação ao preço da gasolina"? Até entre os eleitores do chamado grupo "nem-nem" (onde se encaixa o centro), 52% responderam "sim". "Como a pesquisa mostra, a maioria da população concorda com os dois argumentos. O que lhe dá condições de crescer eleitoralmente nos próximos meses" afirma o cientista político Felipe Nunes, CEO da Quaest.
Posicionado no centro do espectro eleitoral, João Doria (PSDB) escreveu um artigo condenando qualquer intervenção na Petrobras. "Medida populista e equivocada", disse. Sérgio Moro (Podemos) tem se equilibrado entre criticar o aumento dos preços dos combustíveis e defender a autonomia da empresa.
Para Nunes, a escalada dos preços abre uma janela de oportunidade para Bolsonaro. "Um dos desafios do presidente é encontrar uma narrativa convincente pra explicar porque não conseguiu gerar resultados econômicos melhores nos últimos anos. Em relação a pandemia ele vai dizer que foi voto vencido, e que o isolamento imposto pelos governadores e prefeitos atrapalhou sua gestão. A alta dos preços imposta pela Petrobras lhe concede uma outra oportunidade discursiva. Ele pode dizer que a alta dos preços não é culpa dele, e que é a Petrobras e a Guerra que são os verdadeiros culpados."
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