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Monteiro chama de 'experimento social' vídeo em que diz para matar gays

31.mar.2022 - Vereador Gabriel Monteiro (sem partido) em discurso na sessão plenária da Câmara Municipal do Rio de Janeiro - Divulgação/Flávio Marroso / CMRJ
31.mar.2022 - Vereador Gabriel Monteiro (sem partido) em discurso na sessão plenária da Câmara Municipal do Rio de Janeiro Imagem: Divulgação/Flávio Marroso / CMRJ

Colaboração para o UOL, em São Paulo

01/04/2022 11h34Atualizada em 01/04/2022 12h00

O vereador Gabriel Monteiro (sem partido) disse ontem que um vídeo que teria sido vazado nas redes sociais no qual ele afirma que "tem que matar gay e ter raiva de gay" tinha apenas o intuito de "experimento social contra a homofobia". O parlamentar ainda rebateu as acusações de assédio moral e sexual feitas por cinco pessoas ouvidas pela reportagem do Fantástico, da TV Globo, e ponderou que "nenhuma prova foi encontrada até agora".

"Ontem [30 de março], saiu um vídeo meu dizendo 'tem que matar gay', 'tem que ter raiva de gay', mas o intuito do vídeo era um experimento social contra a homofobia. É evidente, é claro no vídeo, que existe uma pessoa com um ponto comigo, eu conversando com a pessoa 'olha só, fala essa frase aí para ver se essa pessoa tem um pensamento distorcido, saber se essa pessoa é homofóbica', aí eu chego."

Em discurso da sessão plenária da Câmara Municipal do Rio de Janeiro, o parlamentar disse que é "evidente" que existe gente homofóbica e o seu objetivo foi, no vídeo, "desconstruir" os argumentos dessas pessoas.

Eu vou lá e desconstruo, na democracia, os argumentos dela. Tinha gente com argumento que gay é do diabo, gay passa doença, gay tem que ser expulso do Brasil. Pensamentos escrotos, babacas. Então, para a gente conseguir isso, a gente faz um experimento social, que o Fantástico faz, que inúmeros quadros do YouTube, inúmeros canais no mundo todo fazem. Experimentos sociais não são criados pelo Gabriel Monteiro. Vereador Gabriel Monteiro (sem partido) em sessão plenária na Câmara no Rio

O político ainda declarou que "vão distorcer tudo" do conteúdo que ele produziu durante mais de três anos e meio, e o vídeo divulgado anteontem mostra claramente que ele estava combatendo a homofobia.

"Quando a gente faz um experimento social é claro que vão distorcer tudo. São três anos e meio da minha vida, mais de 6 horas, 8 horas por dia gravando. Vão distorcer tudo. E no vídeo é claro que eu estou combatendo a homofobia. Senhores, vejam a injustiça disso. É canalhice, canalhice perversa. Não encontraram uma prova. Me acusaram 13 coisas, não encontraram uma prova com três anos e meio da minha vida gravada com escuta."

Acusações de estupro

No começo da sessão plenária, o político já havia dito que estão expondo inúmeras mulheres, "inocentes, vítimas, que não fazem parte de política", para atacá-lo com acusações de estupro.

No último domingo (27), o Fantástico ouviu uma mulher que teve relações sexuais com o vereador. Segundo ela, que não teve o nome identificado pela reportagem, o início da relação foi consentida, mas o ato evoluiu para estupro, porque ela diz que ele não parou quando ela pediu. O parlamentar também foi acusado de assédio moral e sexual por cinco pessoas.

"Quem tem filho aí, ou melhor, quem tem filha? Pensem na filha de vocês sendo expostas por causa de ataque político. Todo mundo sabe que a máfia do reboque está dentro disso. Coincidentemente, sempre quem publica os vídeos em primeira mão é o Rafael Sorrilha, um empresário que eu prendi por tentar me corromper em R$ 50 mil. A covardia é tão grande que foram diversos HDs roubados na minha casa. Entendam como eles são perversos e vão distorcer a realidade."

Monteiro denunciou que ontem recebeu um áudio com escuta dentro da sua casa, sem ter ciência do fato. Ele disse que, apesar disso, não foi constatado que ele era corrupto e estuprador.

Hoje eu recebi um áudio de mim com escuta. Obviamente, ilegal. O judiciário não aprovou isso. Eu estava com escuta na minha casa, com câmeras na minha casa, possivelmente. E não pegaram nada falando que eu sou corrupto, nada falando que sou estuprador. Olha, não tem adjetivo para qualificar essas pessoas que estão expondo as mulheres. Falaram que eu estava estuprando ainda. Não encontraram nenhuma prova até agora. Vereador Gabriel Monteiro (sem partido) em sessão plenária na Câmara no Rio

O político ainda desafiou "qualquer pessoa" a interrogá-lo e afirmou que provará toda "essa covardia" realizada contra ele.

"Eu faço um desafio aqui a qualquer pessoa seja vereador, repórter, cidadão ou até mesmo suposta vítima: podem me interpelar a hora que quiser, seja aqui, fora da Câmara, na sessão. Me interpelem, me interroguem, com câmera na cara, que eu vou provar literalmente tudo. Toda essa covardia. Não é à toa que nas redes sociais eu só cresço, não é à toa que existe milhões de pessoas me defendendo. Eu não vou desisti da luta contra a máfia do reboque."

No fim do discurso, o parlamentar ainda agradeceu ao Conselho de Ética da Câmara por não ter feito uma "santa inquisição" e "ir contra um julgamento e tribunal de exceção".

O Conselho de Ética da Câmara dos Vereadores do Rio de Janeiro decidiu, em reunião na tarde de terça-feira (29), adiar por uma semana a decisão sobre possível abertura de representação contra o vereador Gabriel Monteiro (PSD).

O UOL tenta contato com o empresário Rafael Sorrilha para comentar as acusações do vereador Gabriel Monteiro. O texto será atualizado em caso de resposta.