Topo

Esse conteúdo é antigo

Advogado de Gabriel Monteiro diz que vai deixar caso: 'Para me preservar'

Os advogado e assessor parlamentar Sandro Figueiredo (à esq.) e o vereador do Rio Gabriel Monteiro (PL) - Reprodução/Instagram
Os advogado e assessor parlamentar Sandro Figueiredo (à esq.) e o vereador do Rio Gabriel Monteiro (PL) Imagem: Reprodução/Instagram

Do UOL, no Rio

16/04/2022 15h21

O advogado e assessor do vereador Gabriel Monteiro (PL), Sandro Figueiredo, afirmou hoje em canal do YouTube que não mais atende a questões criminais do ex-PM.

De acordo com o defensor, a decisão partiu de Monteiro para "preservar" o advogado. Monteiro foi denunciado à Justiça pelo MP-RJ (Ministério Público do Rio de Janeiro) após o vazamento de um vídeo íntimo com uma menor de idade. O vereador também foi acusado de estupro por ao menos três mulheres em reportagem da TV Globo.

Na última semana, vieram à tona processos criminais que Figueiredo já respondeu. O advogado, também ex-PM, foi expulso da corporação em 2006 e ficou preso por dois anos, entre 2005 e 2007, —fato que assume na entrevista— antes de ser absolvido.

De acordo com Figueiredo, a decisão de afastá-lo da defesa nos processos criminais partiu de Monteiro —para o advogado, a medida demonstra "cuidado e hombridade".

Nas palavras do advogado, Monteiro afirmou que a imprensa estava "atacando" Figueiredo para atingir o cliente, alvo de investigações no Conselho de Ética da Câmara Municipal do Rio e da denúncia no MP-RJ.

"Isso partiu dele. Eu não estou abandonando o caso Gabriel Monteiro, continuo sendo assessor parlamentar dele. Mas como opção dele, para que ele me preservasse, para que a imprensa não viesse mais na minha direção, [eu saio]", afirmou o advogado.

"Não mais atuarei como nos processos criminais dele, somente irei auxiliar, ser estagiário, ser assessor do advogado que vai iniciar nesse processo", explicou.

Durante a entrevista, Figueiredo falou sobre processos criminais aos quais respondeu.

Sobre uma denúncia de estelionato na zona oeste do Rio para que moradores pagassem uma "taxa de segurança", ele diz que não tomou conhecimento de investigações.

Sobre denúncia de violência doméstica, ele afirma que a denunciante é a mãe de seu filho, que registrou dois boletins de ocorrência, os quais culminaram em dois processos. De acordo com Figueiredo, ele foi absolvido do primeiro processo e o segundo não chegou à fase de audiência.

Casa virou QG de produção de vídeos

O vereador Gabriel Monteiro fez da casa de luxo onde mora, em um condomínio na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio, seu QG de produção de vídeos, segundo relataram ao UOL funcionários e ex-assessores dele. O foco dos vídeos, com fortes indícios de fraude e manipulação e sob investigação na Câmara Municipal, era atrair seguidores —e audiência— para seu canal no YouTube.

Na casa reuniam-se diariamente ao menos quatro produtores (funcionários de seu gabinete na Câmara); quatro editores de vídeo que atuavam em uma ilha de edição; e um advogado, que analisava o que poderia ou não ser alvo de processo judicial, segundo apurou a reportagem.

Um dos assessores de Monteiro disse à polícia que o faturamento mensal com os vídeos chega à casa dos R$ 300 mil somente no YouTube, informou o jornal O Globo. O canal, criado no final de 2018, soma hoje 6,28 milhões de inscritos e mais de 1 bilhão de visualizações. Na capa, a promessa: "vídeos novos todos os dias".

Quatro assessores e três ex-assessores envolvidos diretamente na produção de vídeos do vereador do Rio de Janeiro Gabriel Monteiro (PL) receberam na forma de salários ao menos R$ 871 mil da Câmara Municipal desde que o youtuber e ex-PM assumiu o mandato, em janeiro do ano passado.

O uso de funcionários do Legislativo para fins privados é um dos focos de integrantes da Comissão de Ética que analisam nos próximos dias o processo que pode culminar na cassação de Monteiro. As suspeitas de manipulação dos vídeos também estão na mira da comissão.

Relator do caso de Monteiro na Comissão de Ética da Câmara, Chico Alencar (PSOL) afirmou que "se confirmado [o uso de assessores pagos pela Casa para fins privados], seria simplesmente ilegal e imoral, além de quebra de decoro".

"Os assessores (ou ex) que denunciam isso precisam provar com fatos, atos e registros de fotos e vídeos que trabalhavam para a empresa privada dele, no YouTube", completou.