Bolsonaro diz que já se sentiu 'presidiário sem tornozeleira' no Alvorada
O presidente Jair Bolsonaro (PL) disse hoje que já se sentiu como um "presidiário sem tornozeleira eletrônica" no Palácio da Alvorada, residência oficial do chefe do Executivo brasileiro. A declaração de Bolsonaro ocorreu durante o evento de Lançamento da Marcha para Jesus na Comunidade religiosa das Nações em Cuiabá, em Mato Grosso. Esta não é a primeira vez que Bolsonaro reclama das dificuldades de ser presidente.
Segundo informações do evento, a Marcha para Jesus está prevista para ocorrer no dia 18 de junho na capital mato-grossense e o presidente foi convidado a participar. Na sequência, o mandatário comentou da "solidão" que vive no Alvorada.
Porque não é fácil. Por melhor que seja a residência onde eu estou, o Palácio da Alvorada, com tudo que possa imaginar, o silêncio, a solidão é ensurdecedora. Muitas vezes, me sinto ali como um presidiário sem tornozeleira eletrônica, mas sei que estou colaborando com o meu país, tendo boas pessoas ao meu lado, não apenas políticos que compõem o meu governo, bem como pastores, padres, cristãos, empresários, gente do povo, para vencermos quaisquer obstáculos. Presidente Jair Bolsonaro (PL) discursa em evento religioso em Cuiabá
Antes de sua fala, Bolsonaro foi chamado ao palco e participou de uma oração em que o pastor da Comunidade das Nações de Cuiabá declarou que seria para "profetizar a sua reeleição" ao cargo no pleito deste ano.
"Dizemos sim, amém, pela reeleição do nosso presidente", afirmou o pastor. O culto ainda contou com a exaltação do pastor Silas Malafaia, líder da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, e do deputado federal Marco Feliciano (PL-SP).
Anteriormente, Bolsonaro participou de uma carreta com motociclistas e acenou aos pedestres nas ruas até chegar na Comunidade das Nações - Campus Cuiabá. De acordo com a agenda presidencial, Bolsonaro deve voltar a Brasília ainda nesta noite.
Sem falar em eleições, Bolsonaro cita 'obstáculos'
Sem citar a sua disputa à reeleição em outubro, Bolsonaro usou o discurso religioso para declarar ao público que a união pode ajudar a vencer "qualquer obstáculo". O atual presidente segue como segundo colocado nas últimas pesquisas eleitorais divulgadas, perdendo apenas para o adversário Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
"Eu sei que ele [Jesus] não dá uma cruz mais pesada, de forma que não possamos carregá-la. Cada um de nós temos uma cruz, mas o somatório de todos nós, sabendo realmente quem é o senhor, nós vencemos qualquer obstáculo", discursou, em meio a aplausos e gritos de "aleluia" dos fiéis.
O presidente ainda agradeceu a Deus pela sua vida e ressaltou que seguirá como chefe do Executivo se isso for da vontade do senhor. No meio do discurso, Bolsonaro ainda comentou que com o ano de 2022 chegou outros "problemas", como "a sede de poder por parte do homem, uma política onde o vale-tudo volta a se fazer presente".
Temos milhões de pessoas cujo futuro passa por decisões tomadas por nós. Muitas vezes tomadas no silêncio, ouvindo poucas pessoas, ou apenas meditando e ouvindo a sua própria consciência. (...) Agradeço a Deus pela minha vida e pela missão de estar a frente do Executivo federal e se essa for a vontade dele, nós continuaremos nesse objetivo porque não é fácil.
Mais cedo, o presidente, acostumado a confrontos institucionais, já havia adotado um tom moderado ao falar das eleições de 2022 e fez um elogio ao ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) e ex-chefe do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) Luis Roberto Barroso — a quem já acusou de "ter candidato" e, sem provas, de favorecer o principal adversário no pleito, o ex-presidente Lula.
Aproximação com os evangélicos
A agenda de Bolsonaro em ações religiosas é uma sinalização dele aos eleitores evangélicos, chave para a eleição dele em 2018, em meio a tentativa do adversário Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de se aproximar do grupo, que tende a ser cada vez mais decisivo na disputa, de acordo com especialistas.
A pesquisa Datafolha do final de março apontou 46% das intenções de votos dos evangélicos em Bolsonaro contra 43% de Lula, apontando empate técnico dentro da margem de erro — que é de quatro pontos para mais ou menos — nesse recorte.
Os evangélicos são o pilar dos planos de reeleição de Bolsonaro e, por isso, o presidente tem interesse em manter a melhor relação possível com as igrejas. No dia 8 de março, o chefe do Executivo promoveu uma recepção no Palácio da Alvorada para líderes de igrejas pentecostais e neopentecostais que o apoiam e disse no evento, segundo a Folha de S.Paulo, que dirige o país para onde os pastores desejarem.
*Com Hanrrikson de Andrade, do UOL, em Brasília, AFP e Estadão Conteúdo
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