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Moro: Pena a Silveira foi excessiva, mas indulto poderia ter sido parcial

Colaboração para o UOL, em São Paulo

25/04/2022 11h44Atualizada em 25/04/2022 13h40

O ex-ministro da Justiça e ex-juiz Sergio Moro avaliou que o deputado federal Daniel Silveira (PTB-RJ) se "excedeu nas palavras" ao atacar o STF (Supremo Tribunal Federal), mas que a pena dada pela Corte foi "excessiva".

Além do mais, Moro afirmou que o presidente Jair Bolsonaro (PL) errou ao conceder um perdão total da pena aplicada ao deputado federal aliado. "Poderia talvez ter dado um indulto parcial, de redução da pena", disse o ex-juiz ao UOL Entrevista, conduzido pela apresentadora Fabíola Cidral, com participação dos colunistas Josias de Souza e Alberto Bombig.

Para o ex-ministro, o que aconteceu no caso, no fundo, foi uma "sucessão de erros" que poderiam ter sido evitados caso Silveira não proferisse críticas ao STF, que "não estão protegidas pela liberdade de expressão" por se tratarem de ataques.

"O indulto vem dessa sucessão de erros que não fazem bem para a nossa democracia", declarou Moro. "Ele me parece desproporcional aos ataques feitos por ele ao STF", avaliou ainda sobre o perdão presidencial.

A fala veio após uma série de críticas ao Supremo. Moro disse que não compreende alguns dos votos proferidos nos últimos dois anos e afirmou que certas ações "praticamente desmantelaram" o combate à corrupção no Brasil.

"Essa decisão de revogar a prisão após condenação em segunda instância, essas anulações de condenações do ex-presidente Lula [Luiz Inácio Lula da Silva (PT)] por motivos que, sinceramente, não consigo compreender com facilidade, tudo isso levou a um enfraquecimento do combate à corrupção e deixou o país vulnerável", declarou o ex-juiz.

Apesar disso, disse que é preciso fortalecer as instituições e comparou Lula com Bolsonaro, dizendo que ambos são "representantes de espectros políticos que flertam com o populismo e o autoritarismo".

Moro afirmou que o Brasil relativizou as declarações de Bolsonaro nas eleições passadas e pode enfrentar "o risco de fazer a mesma minimização" elegendo Lula. "Eu era juiz da Lava Jato, fomos severamente atacados pelo Lula e pelo PT", declarou.

"Em 2018, o presidente atual deu uma série de declarações que foram relativizadas, inclusive faço aqui meu mea culpa, que colocavam em dúvidas as credenciais democráticas dele. E hoje vemos uma situação bastante complexa", disse Moro. "Por isso, precisamos de um centro moderado que seja firme em princípios e valores. A população precisa ser estimulada a escolher e a votar em alternativas."