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Barroso ironiza fake news: 'Nunca fui a Cuba e não sou dado a orgias'

Ministro do STF disse que a liberdade de expressão deve ser "ponderada com outros valores" - Nelson Jr. / STF
Ministro do STF disse que a liberdade de expressão deve ser "ponderada com outros valores" Imagem: Nelson Jr. / STF

Do UOL, em São Paulo

02/05/2022 14h21

O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Luís Roberto Barroso ironizou hoje fake news que circulam sobre ele na internet, mas destacou que há notícias falsas que são "perigosas".

Em uma palestra organizada pela FGV (Fundação Getulio Vargas) Direito em São Paulo, Barroso classificou como "folclórica" "e que beira o ridículo" uma notícia falsa de que ele seria chantageado pelo ex-ministro José Dirceu (PT) porque os dois teriam participado de uma orgia em Cuba.

"Vocês não vão acreditar, isso tem milhões de acesso. Eu gostaria de dizer para quem se interessa pela verdade que nunca fui a Cuba, eu não sou dado a orgias. E não tenho nenhum tipo contato com o ex-ministro José Dirceu, mas isso circula como se fosse uma verdade. Mas isso está mais para o bizarro, para o ridículo, do que para o perigoso", disse o ministro, arrancando risadas de parte dos presentes.

"Tem uma outra que diz que eu, o ministro Alexandre de Moraes e um advogado de Brasília conspiramos com a embaixada da China e da Coreia do Norte para derrubar o presidente. Milhões de acessos. E olha que meu coreano está bem enferrujado", ironizou Barroso.

Embora tenha classificado essas duas fake news como "bizarras", Barroso diz que há outras que são perigosas, como conclamar a população para invadir o STF e tirar os ministros à força. "Isso não é ridículo, isso é perigoso para as instituições e para a democracia."

Liberdade de expressão deve ser "ponderada com outros valores"

Durante sua fala na palestra, o ministro do STF defendeu a liberdade de expressão como fundamental para a democracia, mas ressaltou que ela deve ser "ponderada com outros valores".

A fala ocorre duas semanas depois de o STF condenar o deputado Daniel Silveira (PTB-RJ) a 8 anos e 9 meses de prisão por ameaças aos ministros da Corte e à democracia. No dia seguinte, o presidente Jair Bolsonao (PL) concedeu o instituto da graça (uma espécie de perdão) ao parlamentar.

"Há um limite em que a liberdade de expressão se transforma em um risco para a integridade das pessoas e das instituições. É nessa hora que ela precisa ser ponderada com outros valores", afirmou.