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Mourão: Defesa da ditadura e ataques ao STF são 'liberdade de expressão'

Vice-presidente general Hamilton Mourão disse que "imensa maioria" dos brasileiros no quer ditadura - Alan Santos/PR
Vice-presidente general Hamilton Mourão disse que "imensa maioria" dos brasileiros no quer ditadura Imagem: Alan Santos/PR

Do UOL, em São Paulo

02/05/2022 10h03Atualizada em 02/05/2022 13h40

O vice-presidente da República, general Hamilton Mourão (Republicanos), afirmou hoje que pedidos de volta da ditadura militar e ataques ao STF (Supremo Tribunal Federal), que foram registrados nas manifestações pró-governo ontem, são "liberdade de expressão". Apesar dos pedidos, o militar disse que a "imensa maioria" dos brasileiros não apoia essas causas.

"Isso é liberdade de expressão. Tem gente que quer isso, mas a imensa maioria do povo não quer. Normal", afirmou o vice-presidente a jornalistas.

O Brasil viveu os momentos mais duros da sua história recente na época da ditadura militar, que durou 21 anos, entre 1964 e 1985. O período foi marcado por torturas e ausência de direitos humanos, censura e ataque à imprensa, baixa representação política e sindical, precarização do trabalho, além de uma saúde pública fragilizada, corrupção e falta de transparência.

Em Brasília, o ato a favor do presidente Jair Bolsonaro (PL) ocorreu na Esplanada dos Ministérios, mas com público reduzido. A assessoria da Polícia Militar do DF disse ontem que não tinha estimativa de público. Já a Secretaria de Segurança Pública de Brasília afirmou que não faz contagens como essa.

Bolsonaro fez uma passagem relâmpago pelo ato de cerca de 5 minutos, mas não discursou, só falando em uma live nas redes sociais na qual agradeceu ao público.

No Rio de Janeiro também houve protestos a favor de Bolsonaro, que contaram com a participação do deputado federal Daniel Silveira (PTB-RJ). Na Praia de Copacabana, na zona sul do Rio, o deputado federal Silveira afirmou que o país tem presos políticos e que "age como uma ditadura".

Em São Paulo, a concentração de apoiadores de Bolsonaro foi em frente ao MASP (Museu de Arte de São Paulo). Os manifestantes se concentraram em duas quadras da Avenida Paulista, mas se espalharam também em outros pontos da via, com bastante espaçamento. Bolsonaro não participou, mas mandou um vídeo no qual disse que deve lealdade aos apoiadores.

Bolsonaro já defendeu ditadura

Apesar de ter afirmado ser a favor da Constituição, Bolsonaro já defendeu a ditadura militar em várias ocasiões. Uma das declarações mais recentes sobre o assunto ocorreu em março deste ano, em cerimônia na qual oficializou a saída de ministros do governo para a disputa das eleições.

"O que seria do Brasil sem as obras do governo militar? Não seria nada! Seríamos uma republiqueta", declarou Bolsonaro em março.

Na ocasião, o chefe do Executivo federal ainda exaltou as obras do "governo militar" —que foram focos de corrupção— e fez comparações entre a ditadura e o seu governo.

"O que seria da Amazônia sem Castello Branco, que criou Zona Franca de Manaus? Todos aqui tinham direito, deputado Silveira, de ir e vir", disse, citando o deputado Daniel Silveira (PTB-RJ), que estava na plateia.