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Ramos diz que Bolsonaro é 'dono da Câmara' após ser destituído da vice

Colaboração para o UOL

24/05/2022 12h43Atualizada em 24/05/2022 12h49

O deputado federal Marcelo Ramos (PSD-AM) disse, em entrevista ao UOL News hoje, que o presidente Jair Bolsonaro (PL) é o "dono da Câmara dos Deputados". O parlamentar foi destituído da vice-presidência.

"O Bolsonaro hoje é dono da presidência e vice-presidência da Câmara. Ele não é aliado, é proprietário. Não tenho como dizer o que motiva Arthur Lira (PP-AL), que deu declarações muito boas que nos faziam crer que o lado dele era o da democracia. O que fez ele mudar, não me cabe esse julgamento".

Lira anunciou ontem uma nova eleição para decidir três cargos da Mesa Diretora, entre eles o de vice-presidente, antes ocupado por Ramos. Isso porque o ministro Alexandre de Moraes, do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), reconsiderou uma decisão de abril que mantinha Ramos no posto, afirmando hoje que a eleição para a Mesa é um assunto interno da Câmara.

Com isso, foi publicado no fim da tarde um ato que retira Ramos da Mesa e outros dois parlamentares — Marília Arraes (Solidariedade-PE) e Rose Modesto (União-MS), que ocupam as segunda e terceira secretarias, respectivamente. Os três trocaram de partido desde que foram eleitos para a Mesa. Ramos deixou o PL para se filiar ao PSD, enquanto Arraes saiu do PT e Modesto, do PSDB.

"Não sou eu que discordo, é o regimento que discorda. Regimento interno da Câmara, artigo 12, parágrafo 1º, diz que os blocos partidários se equivalem aos partidos para todos os fins. [...] A questão, efetivamente, não é regimental, é política. Uma intervenção inusitada, absurda, não vista nem na ditadura do poder Executivo sobre o Legislativo", disse Ramos.

Ramos chama Lira de 'desleal'

Durante a entrevista ao UOL News, Marcelo Ramos classificou Arthur Lira como "desleal" após destituí-lo do cargo de vice-presidente. O amazonense apoiou o pepista à presidência da Câmara.

"Enxergo com decepção, gesto de deslealdade a um companheiro que foi leal não só na eleição, mas todas as vezes que o substituí na presidência da Casa. Nunca usei a presidência da Casa para fazer oposição ao governo ou pautar o que não estivesse combinado com o presidente Arthur Lira e lideranças partidárias", afirmou.

A briga pelo cargo foi motivada pelas duras críticas de Ramos aos decretos publicados pelo governo de Jair Bolsonaro (PL), que reduzem o IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados e impactam a Zona Franca de Manaus. Durante uma transmissão semanal, o presidente da República chegou a admitir que pediu ao PL para destituir Ramos do cargo.