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Deputado do PL defende colocar professora em 'paredão' de fuzilamento; veja

Do UOL, em São Paulo

02/06/2022 00h18Atualizada em 02/06/2022 12h27

O deputado federal bolsonarista Éder Mauro (PL-PA) defendeu ontem, na Comissão de Direitos Humanos e Minoria, da Câmara dos Deputados, que uma professora fosse colocada em um "paredão" de fuzilamento por usar a imagem de Jesus Cristo em uma prova escolar.

Segundo o site Metrópoles, Mauro apontou na fala que o ator Mário Gomes teria denunciado uma professora por usar meme em uma prova feito com a obra "Cristo Crucificado", do artista espanhol Diego Velásquez, no qual foi escrito sobre a imagem: "Bandido bom é bandido morto".

O ator, que teria um filho na turma da professora que teria usado o meme, abriu um boletim de ocorrência contra a docente por intolerância religiosa.

Na comissão de Direitos Humanos, o parlamentar sugeriu colocar a docente em um "paredão" de fuzilamento, forma de execução usada durante a guerra.

Esta jumenta empoderada e comunista deveria ter sido colocada em um tribunal, num paredão, para que ela não levasse esse seu entendimento para a nossa juventude, que está em formação de caráter. Por isso, eu quero dizer aqui nesta Comissão de Direitos Humanos e Minoria que nós parássemos de ver o direito de minoria. Que nós nunca deixemos de ver o direito da maioria dos brasileiros que não quer esses valores errados. Deputado federal bolsonarista Éder Mauro (PL-PA)

E completou: "[Brasileiros] Que querem, sim, que todos católicos, protestantes e todas as religiões possam ter um Deus, acreditar em um Deus, e saber que Jesus Cristo vem nessa terra para salvar a humanidade e se ela não acredita em um Deus, que ela guarde para si essa simples e infeliz posição", concluiu o político, exaltado, em meio à reclamação de pouquíssimos colegas de Casa.

No início do discurso, o deputado bolsonarista já havia chamado a docente de "jumenta empoderada e comunista" e disse que ela — que não teve a identidade divulgada — "envergonha a classe de professores".

O parlamentar ainda chamou as vítimas da chacina que deixou 23 mortos na Vila Cruzeiro, no Rio, de "bandidos".

"Quer comparar Jesus Cristo com bandido? Isso é uma vergonha para os professores. Eu quero dizer para o meu Brasil, o povo brasileiro, que esta cidadã, se assim pode se chamar, senhor presidente, nunca deveria comparar. Que ela compare bandido com aqueles mais de 20 que foram mortos lá no Rio de Janeiro. Que são bandidos que atropelam, matam, levam drogas para os nossos filhos, que destroem família, eu concordo plenamente".

E continuou: "Mas querer comparar o filho de Deus, que era o único filho dele, que mandou para essa terra para salvar a humanidade, que mandou nesta terra para trazer a paz para humanidade, que deu a sua vida pela humanidade, de bandido? Isso é inadmissível", disparou.

Durante a sua fala, o parlamentar também criticou colegas e os acusou, sem provas, de serem a favor de "tratar de ideologia de gênero para ensinar sexo para criança na escola" e ainda defendeu o armamento da população, alegando, sem trazer dados, que "a maioria brasileira é a favor".

No fim do discurso, o deputado bolsonarista anunciou que dividiu o seu tempo de fala com os colegas Capitão Alberto Neto (PL-AM) e o presidente da Frente Parlamentar Evangélica, Sóstenes Cavalcante (PL-RJ). Sóstenes é aliado do presidente Jair Bolsonaro (PL) e estava ao lado de Éder Mauro durante todo o discurso dele na Comissão.