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Em nota de pesar, TSE destaca apoio de Bruno a voto indígena no AM

Bruno Pereira (quarto da esq. à dir.) ajudou TSE a instalar seções eleitorais no Vale do Javari em 2014 - Divulgação/TSE
Bruno Pereira (quarto da esq. à dir.) ajudou TSE a instalar seções eleitorais no Vale do Javari em 2014 Imagem: Divulgação/TSE

Rafael Neves

Do UOL, em Brasília

16/06/2022 18h26

O TSE (Tribunal Superior Eleitoral) divulgou, na tarde de hoje, uma nota de pesar pelas mortes do indigenista Bruno Araújo e do jornalista Dom Phillips, confirmadas ontem pelas autoridades no Amazonas. No comunicado, o tribunal lembra que Bruno foi um "importante parceiro da Justiça Eleitoral", desde 2014, na instalação de locais de votação na terra indígena Vale do Javari, principal local de trabalho do indigenista.

O presidente do TSE, ministro Edson Fachin, enviou uma mensagem de solidariedade aos familiares de Bruno e Dom e afirmou que "é imperativo constitucional que a sociedade e o Estado respeitem os povos tradicionais". Com as mortes deles, segundo Fachin, "perdem os familiares e também perde a democracia, a imprensa, perdem todos".

Na condição de servidor da Funai (Fundação Nacional do Índio), Bruno ajudou na instalação de cinco seções eleitorais na terra Vale do Javari, em 2014. Aquela foi a primeira vez que os habitantes do território participaram das eleições, segundo o tribunal.

"Esse auxílio foi fundamental para que indígenas da região pudessem exercer a cidadania por completo ao eleger seus representantes. Na época, viviam cerca de 5,5 mil indígenas das etnias Marubo, Matis, Mayuruna, Kanamary e Kulina", informou o TSE.

Segunda maior terra indígena do Brasil em área, o Vale do Javari abriga um total de 26 povos, dos quais 19 vivem em situação de isolamento ou recente contato com a população externa. Segundo a Justiça Eleitoral, 1.253 indígenas estão aptos a votar em aldeias do Vale do Javari.

Investigações

A PF (Polícia Federal) informou ontem que o pescador Amarildo da Costa Oliveira, conhecido como "Pelado", confessou ter matado e enterrado os corpos de Bruno e Dom. Os restos mortais de ambos foram enviados para perícia e, apesar da confissão de Pelado, a polícia não descarta o envolvimento de outras pessoas no crime.

Dom e Bruno estavam desaparecidos desde 5 de junho, quando faziam uma expedição de barco pela região do norte do Amazonas. Segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, a área em que a dupla navegava é "palco de disputa entre facções criminosas que se destacam pela sobreposição de crimes ambientais, que vão do desmatamento e garimpo ilegal a ações relacionadas ao tráfico de drogas e de armas".