Delegados da PF defendem colega que apontou interferência no caso Ribeiro
A ADPF (Associação de Delegados da Polícia Federal) publicou hoje uma nota em defesa da operação Acesso Pago, que mira o ex-ministro da Educação Milton Ribeiro. Além de afirmar que o trabalho foi conduzido "de forma técnica", a entidade diz que vai acompanhar um inquérito aberto pela PF para apurar uma suposta interferência na operação.
O delegado Bruno Calandrini, responsável pela investigação, se queixou de uma alegada intervenção da cúpula da PF sobre a operação. Em mensagem enviada a colegas, o delegado reclamou da decisão dos superiores que impediu o translado do ex-ministro a Brasília ontem, após ser preso. Detido em Santos (SP), Ribeiro foi levado à carceragem da PF na capital paulista, de onde foi solto hoje por decisão judicial.
Segundo a ADPF, o trabalho que levou à prisão de Ribeiro e dos pastores Arilton Moura e Gilmar Santos, suspeitos de tráfico de influência na pasta, foi conduzido "de forma técnica, com base nos indícios colhidos e com respaldo da Justiça Federal, do Ministério Público Federal e demais órgãos de controle".
O ex-ministro, que deixou o MEC no final de março por suspeitas sobre a liberação de verbas na pasta, foi preso na manhã de ontem em Santos (SP), mas passou pouco mais de um dia detido. Hoje, o desembargador Ney Bello, do TRF-1 (Tribunal Regional Federal da 1ª Região), ordenou a soltura de Ribeiro e dos pastores, suspeitos de articular um "balcão de negócios" na liberação de recursos da pasta.
A operação deflagrada para investigar possíveis ilegalidades no Ministério da Educação foi conduzida de forma técnica, com base nos indícios colhidos e com respaldo da Justiça Federal, do Ministério Público Federal e demais órgãos de controle.
Associação dos Delegados da Polícia Federal, em nota
Na mensagem aos colegas (leia a íntegra), Calandrini considerou que a decisão de não levar Ribeiro a Brasília atrapalhou as investigações. A medida, segundo o delegado, demonstrou "tratamento diferenciado" dado pela PF ao ex-ministro. Em nota, a PF afirmou que abriu uma investigação e que vai "apurar os fatos para garantir a independência funcional do delegado".
"Considerando boatos de possível interferência na execução da Operação Acesso Pago e objetivando garantir a autonomia e a independência funcional do Delegado de Polícia Federal, conforme garante a Lei nº 12.830/2013, informamos que foi determinada a instauração de procedimento apuratório para verificar a eventual ocorrência de interferência, buscando o total esclarecimento dos fatos", afirmou a PF.
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