Agraciado com medalha, Silveira falta em reuniões da comissão de Cultura
O deputado federal bolsonarista Daniel Silveira (PTB-RJ) compareceu apenas duas vezes na comissão de Cultura da Câmara dos Deputados desde abril, quando passou a integrar o colegiado. Silveira é titular da comissão e foi agraciado com a medalha de Ordem do Mérito do Livro, concedida pela Biblioteca Nacional neste mês.
De abril até a data de hoje, a comissão de Cultura realizou 13 encontros entre reuniões deliberativas (para a votação de projetos) e audiências públicas (debates entre os parlamentares e diferentes convidados).
Desses 13 encontros, Silveira compareceu a apenas uma reunião de instalação e eleição de mesa e uma audiência pública, respectivamente, nos dias 14 e 22 de junho.
Segundo o site da Câmara, o parlamentar não marcou presença em nenhuma das reuniões deliberativas. A única data com ausência justificada pelo parlamentar foi na audiência pública extraordinária da comissão no dia 30 do mês passado.
Além da comissão de Cultura, o político também é o primeiro vice-presidente da Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado desde o fim de abril.
Silveira foi condenado em abril pelo STF (Supremo Tribunal Federal) a oito anos e nove meses de prisão por ameaças às instituições democráticas, inclusive com ataques aos ministros da Corte. Após a condenação, o presidente Jair Bolsonaro (PL) concedeu perdão constitucional ao aliado.
O UOL tenta contato com o parlamentar. A matéria será atualizada em caso de retorno.
Autores se recusam a receber mesma medalha
No começo do mês, os escritores Marco Lucchesi e Antônio Carlos Secchin, ambos imortais da ABL (Academia Brasileira de Letras), anunciaram que se recusariam a receber a medalha de Ordem do Mérito do Livro porque o deputado bolsonarista também estava entre os agraciados.
Na ocasião, pelo Twitter, Lucchesi afirmou que não tinha "condições" de receber a homenagem devido à indicação de Silveira e de "outros bolsonaristas".
"Se eu aceitasse a medalha seria referendar Bolsonaro, que disse preferir um clube ou estande de tiro a uma biblioteca. Agradeço, mas não posso aceitar", escreveu em publicação.
Já Antônio Secchin confirmou sua recusa ao jornalista Ancelmo Gois, do jornal O Globo, e disse ter imaginado primeiramente que a medalha seria destinada a pessoas com vivências com a Biblioteca Nacional "e o universo do livro".
"Pelo que soube há pouco a cerimônia vespertina se constituirá na celebração de uma única diretriz política, agraciando pessoas sem relação com livros, biblioteca e cultura", declarou à época. "Não me sentiria bem vendo compartilhada a Medalha do Mérito de Livro a personalidades que provavelmente não veem no livro mérito nenhum", concluiu.
A medalha já foi entregue a grandes autores brasileiros, como Gilberto Freyre e Carlos Drummond de Andrade, como noticiou a coluna da jornalista Mônica Bergamo na Folha de S. Paulo. Segundo a coluna, os nomes escolhidos deste ano foram selecionados pelo presidente da Fundação Biblioteca Nacional, Luiz Carlos Ramiro Júnior, e pelo secretário Especial da Cultura, Hélio Ferraz de Oliveira.
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