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Bolsonaro diz que não teria problema em falar com viúva de petista morto

Do UOL, em São Paulo

13/07/2022 17h07

Em meio a seus apoiadores no 'cercadinho' do Planalto, o presidente, Jair Bolsonaro (PL) falou novamente sobre o caso de Marcelo Arruda, tesoureiro do PT que foi assassinado por bolsonarista no último sábado. Nessa fala, Bolsonaro afirmou que tem foto com Arruda, datada de 2017, e que votou a favor de um pedido dele na Câmara dos Deputados, após pedido feito no encontro. O político do PL ainda disse que falaria com a viúva.

Bolsonaro expressou revolta com a imprensa por focar no fato de que ele não falou com a viúva de Arruda.

"Conversei com dois irmãos, os dois são eleitores nossos, simpatizantes, o outro era de esquerda, [...] resgatamos uma foto agora, lá de 2017, eu com o irmão deles que morreu, que pediu para mim que eu votasse algo. Votei com eles, votei a favor desse petista que faleceu lá", relatou Bolsonaro.

Continuando: "E o que a imprensa fala? Não falou com a viúva, meu Deus do céu, se a viúva estivesse lá eu falaria também. Ah, não sei o que, ignorou a viúva que deixou dois filhos".

A declaração foi recebida com comentários de seus apoiadores, afirmando que "Ah vai, não tinha a obrigação de falar". Bolsonaro, por sua vez, continuou posicionando-se, novamente conectando esse caso com o do anestesista preso em flagrante ao estuprar uma mulher em trabalho de parto - afirmando que "Se eu não visse a imagem, não acreditaria".

"A gente lamenta, para mim não justifica o que aconteceu ali, a briga ali do nada, infelizmente uma morte, o outro está no hospital, é igual essa questão desse médico do Rio de Janeiro, abusando lá", disse.

"Se eu não visse a imagem, não acreditaria, uma mulher anestesiada, dando a luz e o cara abusando dela lá", falou o presidente, aproveitando o momento para criticar a esquerda: "Agora nós tentamos botar como crime hediondo para menores de idade essa questão do estupro, a esquerda toda foi contra na Câmara aqui, toda a esquerda contra".

Bolsonaro soube que parentes de Marcelo Arruda eram bolsonaristas

Em sua coluna de hoje, o jornalista Ricardo Kotscho, do UOL, trouxe bastidores de como se deu a conversa de Bolsonaro com os familiares de Marcelo Arruda. Como tantas famílias brasileiras no momento, os Arruda, de Foz do Iguaçu, no Paraná, também estão divididos entre petistas e bolsonaristas.

Ao ficar sabendo disso, por meio do deputado federal Otoni de Paula (MDB-RJ), vice-líder do governo na Câmara, Bolsonaro mandou-o imediatamente para a cidade, com a missão de entrar em contato com a ala bolsonarista da família Quem deu a dica a Otoni, um pastor evangélico que faz parte da tropa de choque parlamentar do presidente, foi Oswaldo Eustáquio, um jornalista/influenciador do Paraná que já esteve preso por ordem do STF, no âmbito das investigações sobre milícias digitais.

A viúva de Marcelo Arruda ficou surpresa ao saber que o presidente Jair Bolsonaro conversou por chamada de vídeo com os irmãos da vítima. "Absurdo, eu não sabia", disse Pâmela Suellen Silva à coluna do jornalista Chico Alves, do UOL.

Bolsonaro comentou sua rejeição entre mulheres também

Além de falar sobre a viúva de Arruda e comentar o caso do anestesista no Rio de Janeiro, o presidente mostrou-se resistente às novas pesquisas eleitorais - que destacam a rejeição da população feminina contra ele, atingindo 61%.

Em sua fala, Bolsonaro afirma que essa é uma noção defendida pela imprensa, mas, que as eleitoras não procuram casamento e sim um presidente.

"A imprensa defende que eu tenho uma rejeição de mulher, não sei se é verdade ou não. Acho que a eleitora não está procurando um casamento, está procurado um presidente", disse.