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Ministro do STF não pode ser reativo, diz Madeleine Lacsko sobre Moraes

Colaboração para o UOL, em Maceió

22/07/2022 13h29

A colunista do UOL Madeleine Lacsko avaliou como uma "postura reativa" a decisão do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), Alexandre de Moraes, que mandou prender um homem por fazer ameaças à integridade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e demais integrantes da Corte. Para a jornalista, um magistrado do Supremo "não pode ser reativo" e, ao agir dessa forma, Moraes corre o risco de perder a própria autoridade.

"Eu acho que ele arrisca demais a autoridade dele porque ele é reativo. Ele sempre foi reativo, só que um ministro do STF não pode ser reativo porque senão ele fica na parede", declarou no UOL News.

Para Lacsko, isso não significa que seja "errado prender uma pessoa por ameaça", porém, ela questiona se Moraes ficará "enxugando gelo" e mandará "prender todo mundo que faz ameaça de morte".

No UOL News, a colunista apontou que membros do Judiciário provam hoje do "banquete de leniência" por terem agido de forma "arrogante" diante da ameaça que a internet simbolizava para grupos radicais no país.

"Eles estão comendo um banquete de consequência da leniência sistemática e porque eram arrogantes, não entendiam que isso de internet poderia radicalizar as pessoas, apesar de você já ter vários estudos mostrando como o Estado Islâmico fazia isso, usando a cultura pop. Quando falava isso no judiciário a gente era tratado como louco. Ou seja, deixaram o bicho crescer, derrubar a cerca, agora eles estão indo lá botar um trinco no portão, só que não tem mais a cerca", ponderou.

Em relação à prisão de Ivan Rejane Fonte Boa Pinto, o homem que diz em vídeo que irá "caçar" integrantes do STF e lideranças de esquerda, como Lula, a colunista vê essa iniciativa de Moraes como um recado para as manifestações organizadas por bolsonaristas para o próximo 7 de setembro.

"Ele mandou prender um cara que oferecia realmente risco real? Qual é o tamanho desse cara? Ele vai virar um mártir? Vai se vitimizar daqui a pouco? Talvez o comedimento seja muito mais prudente que esses arroubos. Ele quis mandar um recado para o 7 de setembro, porque nesses grupos que eles monitoram, eles planejam destituir todos os ministros do STF para substituir por concursados", completou.

Prisão

O ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), decretou a prisão temporária e autorizou buscas e apreensões contra um homem identificado como Ivan Rejane Fonte Boa Pinto, que disse que iria "caçar" integrantes do tribunal e lideranças de esquerda, como o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Ele foi preso pela Polícia Federal hoje (22) em Belo Horizonte.

Identificado nas redes sociais como "Terapeuta Ivan" ou "Terapeuta Papo Reto", Ivan é simpatizante do presidente Jair Bolsonaro (PL). Em um dos vídeos, ele cita o feriado de 7 de Setembro e profere ameaças aos ministros do STF, ao ex-presidente Lula, à presidente do PT, Gleisi Hoffmann e ao deputado federal Marcelo Freixo (PSB-RJ). Ao saber que seria detido, o youtuber teria resistido à prisão.

O pedido de prisão temporária foi feito pela própria PF, que alertou Moraes para o risco de Ivan promover "ações violentas" diretamente ou com a adesão de voluntários, "mediante inclusive a 'luta armada'", com o objetivo de destituir os ministros de suas funções.

Ao autorizar a prisão de Ivan, Moraes manda um recado a grupos extremistas que planejam atos para o feriado de 7 de Setembro. A pessoas próximas, o ministro tem dito que ameaças e ataques como os proferidos por Ivan não serão tolerados e que acompanha de perto as movimentações para o feriado.

Em decisão, o ministro relembra que a liberdade de expressão não é escudo para a prática de discursos de ódio, antidemocráticos e ameaças e agressões contra as instituições. Sem citar nomes, Moraes frisou ainda que a Constituição não permite a propagação de discursos de ódio e ideias contrárias ao Estado Democrático de Direito por "pré-candidatos e seus apoiadores".

Além da prisão temporária, de cinco dias, Moraes autorizou a PF a fazer buscas em dois endereços ligados a Ivan. Um em Belo Horizonte e outro em Esmeraldas (MG), na região metropolitana da capital mineira.