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Bolsonaro diz não entender cartas pró-democracia: 'Estão com medo de quê?'

Do UOL, em São Paulo

28/07/2022 19h33Atualizada em 28/07/2022 20h34

O presidente Jair Bolsonaro (PL) comentou novamente sobre a Carta pela Democracia, que já ultrapassa 346 mil assinaturas, durante sua transmissão ao vivo realizada hoje à noite. Além desse texto, o chefe do Executivo criticou outro semelhante, encabeçado pela Fiesp, e disse não entender a motivação para os documentos.

"Não consigo entender, estão com medo do quê? Se eu estou três anos e meio no governo e nunca teve uma palavra minha, ação ou gesto... Nunca falei contra alarmismo, em controlar mídias sociais, em democratizar imprensa, nada. É uma nota política, eleitoral", afirmou e reforçou que nunca teria ameaçado a democracia brasileira.

Em seu discurso, o presidente fez referência também a seu principal rival nas eleições de outubro, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT): "Olha, é melhor democracia com o ladrão do que o outro regime com o honesto?", ironizou.

Durante a live, Bolsonaro misturou alguns documentos assinados esta semana. Na terça-feira, a FDUSP (Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo) lançou uma carta pela democracia. Empresários, associações que reúnem bancos e porta-vozes do setor industrial, as oito maiores centrais sindicais do país aderiram ao texto: CUT, Força Sindical, UGT, CTB, NCST, CSB, Pública e Intersindical Central da Classe Trabalhadora. O texto também é assinado por ex-ministros do STF (Supremo Tribunal Federal), artistas e economistas.

Além deste texto, um manifesto pela democracia também foi elaborado pela Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) e conta com o apoio da Febraban (Federação Brasileira de Bancos).

Bolsonaro criticou diretamente o presidente da Fiesp, Josué Gomes da Silva, que é filho do ex-vice-presidente José Alencar.

"Nós somos pela transparência, pela legalidade, nós respeitamos a constituição, tem gente que se irrita comigo quando eu falo, estamos dentro das quatro linhas, então não entendi essa nota, que foi patrocinada pelo nosso querido filho do ex-vice-presidente do Lula, José de Alencar, o senhor Josué Gomes da Silva, presidente da Fiesp, Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, que fez essa nota, não entendi."

Hoje mais cedo, Bolsonaro já havia minimizado a quantidade de assinaturas e entidades reunidas contra as ameaças democráticas perto do período eleitoral deste ano, como ataques às urnas eletrônicas e aos ministros do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), cometidas tanto pelo chefe do Executivo quanto por seus apoiadores radicais.

Sem apresentar elementos que corroborem a sua tese, Bolsonaro falou hoje mais cedo que o manifesto estaria vinculado a interesses de grandes bancos e instituições financeiras e reafirmou o mesmo durante a live. Na visão dele, seriam empresas incomodadas com ações do governo, como a criação do Pix.

"Você pode ver esse negócio de carta aos brasileiros, democracia... Os banqueiros estão patrocinando. É o Pix, que eu dei na... Uma paulada neles... Os bancos digitais também, que nós facilitamos. Estamos acabando com o monopólio dos bancos", disse o presidente a fãs que o aguardavam na saída do Palácio da Alvorada.

*Com Estadão Conteúdo