Saída à francesa, bronca por Lula, MPB4: como foi ato pró-democracia no Rio
O 9º Ato em Defesa da Justiça Eleitoral e pela Não Violência foi marcado por falas contundentes contra os ataques recentes ao sistema eleitoral do Brasil. Em três horas, parlamentares e representantes de movimentos sociais e organizações da sociedade civil ressaltaram a confiabilidade da urna eletrônica.
Ao menos 11 partidos enviaram representantes. Um dos mais expressivos, o deputado federal Marcelo Freixo (PSB), candidato ao governo do Rio de Janeiro, esteve presente no palco por cerca de uma hora, mas saiu antes de sua fala ser anunciada, recebendo apenas os cumprimentos da organização. Ao UOL, por mensagem, Freixo explicou que esteve no evento para prestigiar e saiu porque tinha outra agenda previamente marcada.
O presidente do PSB no Rio, o deputado federal Alessandro Molon, também fez uma fala e saiu logo depois, assim como outros políticos, como o secretário-geral do PT, deputado federal Paulo Teixeira (SP). Presidentes nacionais de grandes partidos não estiveram presentes, enviando apenas representantes. O evento foi marcado por apresentações musicais e teve encerramento do grupo MBP4.
Apesar da atmosfera de oposição ao presidente Jair Bolsonaro (PL) —que tem questionado, sem apresentar provas, a credibilidade do sistema eleitora brasileirol—, a organização tentou evitar dar caráter eleitoral ao evento, repreendendo uma manifestação a favor do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Organizado na sede do Clube de Engenharia, no Rio de Janeiro, o evento reuniu parlamentares de legendas de esquerda, como a deputadas Jandira Feghali (PCdoB-RJ) e o vereador carioca Chico Alencar (PSOL), e também de outras siglas, como a senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA), a ex-senadora Heloisa Helena (Rede), e o ex-vice-presidente da Câmara Marcelo Ramos (PSD-AM).
Bronca por Lula
Apesar da presença majoritária de políticos de esquerda, a organização tentou evitar dar ao evento um caráter eleitoral. O deputado Marcelo Ramos, um dos que pediram a palavra, afirmou em seu discurso que a luta democrática nesse momento significa a eleição de Lula, mas foi alertado de que a declaração não seria adequada.
"A luta por democracia, nesse momento, se traduz em uma luta política eleitoral, e isso precisa ser dito. A tradução da luta democrática nesse momento é a tradução de derrotar Bolsonaro e de eleger Lula presidente da República. Não tem outro caminho de reafirmação da democracia que não seja esse", disse Ramos, para aplauso de parte do público.
Logo após a fala do parlamentar, a referência a Lula foi alvo de advertência do sociólogo Fernando Guimarães, coordenador do movimento. "Eu queria só, em nome do Direitos Já, pedir que em todas as falas, a gente tenha apenas o cuidado de, nesse ambiente, a gente não trazer aqui a questão eleitoral. Hoje o que nos une é a defesa da Justiça Eleitoral, é a não-violência, e a gente não quer que esse ato tenha uma repercussão como um ato político eleitoral", pediu Guimarães.
Vídeos
O movimento Direitos Já, que organizou o evento, foi criado em 2019 para se contrapor ao governo Bolsonaro. Nenhum candidato ao Planalto compareceu ao ato, mas dois presidenciáveis —Simone Tebet (MDB) e Ciro Gomes (PDT)— enviaram vídeos com manifestações de apoio.
Além de criticar os ataques eleitorais de Bolsonaro, que há duas semanas reuniu embaixadores em Brasília para repetir suspeitas infundadas sobre as urnas eletrônicas, o ato homenageou vítimas da violência política, como a vereadora do Rio Marielle Franco, assassinada em 2018, o indigenista Bruno Pereira e o jornalista Dom Philips, mortos na Amazônia em maio deste ano, além de lideranças indígenas e quilombolas.
As falas dos convidados que discursaram presencialmente foram intercaladas, ao longo do evento, com breves apresentações musicais, e discursos de políticos e pesquisadores acadêmicos estrangeiros, que enviaram vídeos com análises sobre a conjuntura brasileira.
Ao longo das três horas, o evento contou com algumas apresentações musicais. Composições de Aldir Blanc, também citado em falas, foram entoadas, como "O Bêbado e a Equilibrista".
A última performance artística foi do grupo MPB4, que encerrou a noite, com a execução de músicas como "Apesar de Você", de Chico Buarque. Apesar de já esvaziada, a plateia cantou de pé e aplaudiu o grupo no final.
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