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Foz: Advogado de Elize assume defesa e diz que bolsonarista perdeu memória

Guaranho foi indiciado por homicídio duplamente qualificado (agravado) por motivo torpe - REPRODUÇÃO | FACEBOOK
Guaranho foi indiciado por homicídio duplamente qualificado (agravado) por motivo torpe Imagem: REPRODUÇÃO | FACEBOOK

01/08/2022 18h23Atualizada em 01/08/2022 19h02

O advogado de Elize Matsunaga, que passou a integrar a equipe de defensores do policial penal denunciado pelo Ministério Público por homicídio qualificado pelo assassinato do guarda municipal Marcelo Arruda, diz que o atirador não se recorda da ação ocorrida na noite de 9 de julho em Foz do Iguaçu (PR).

O criminalista Luciano Santoro diz ter visitado Jorge José da Rocha Guaranho na última quinta-feira (28) no Hospital Ministro Costa Cavalcanti, onde ele está internado em recuperação.

Apoiador do presidente Jair Bolsonaro (PL), o atirador invadiu de carro a festa da vítima, que comemorava o aniversário de 50 anos com uma celebração alusiva ao PT. Após discutirem, o bolsonarista deixou esposa e filho em casa, voltou ao local e atirou em Arruda, que revidou aos disparos.

Baleado, Guaranho perdeu a consciência após ser agredido por ao menos três chutes na cabeça, como mostram imagens de câmeras de segurança no local do crime.

Santoro relaciona as agressões à gravidade das lesões, que motivaram a abertura de um inquérito paralelo em meio à investigação do assassinato.

"Ele não tem memória do evento. Chutaram muito a cabeça dele. É um milagre ele ter sobrevivido. Acredito que a recuperação será muito longa e difícil", disse em entrevista ao UOL pelo WhatsApp. "Mas as informações sobre o estado de saúde dele apenas podem ser prestadas pelos médicos. Não tenho a menor qualificação para isso", ponderou.

Defesa quer se posicionar após laudos

No mesmo dia da visita, Santoro assinou um documento encaminhado à Justiça do Paraná em conjunto com os advogados Cleverson Leandro Ortega, Poliana Lemes Cardoso e Carlos Roberto Bento citando a "perda da memória".

"Diante do exposto, requer seja garantido à defesa acesso integral aos elementos de prova destes autos para que ofereça a resposta à acusação, devolvendo-se o prazo para que o termo inicial seja contado do pleno conhecimento das provas", alegam os advogados.

No documento, eles ainda citam a pendência dos laudos complementares exigidos pela Justiça, como a leitura labial com base nas imagens e a perícia no celular do próprio Guaranho, apreendido pela Polícia Civil do Paraná.

Na semana passada, o UOL teve acesso ao laudo de confronto balístico do Instituto de Criminalística do Paraná, que indicou que Guaranho deu ao menos três tiros na vítima, que reagiu com 13 disparos.

Prazo para o depoimento

A Justiça do Paraná deu prazo de dez dias, contados desde quinta-feira (21), para Guaranho se defender. "O quadro de saúde dele é estável. Vamos esperar pela alta médica para que ele seja interrogado", disse o promotor Tiago Mendonça Lisboa, em entrevista ao UOL.

O promotor reafirmou ver motivação política no assassinato. Contudo, diferencia o caso de um crime político, previsto na Lei de Segurança Nacional —revogada no ano passado— pois esta representava um atentado contra o Estado democrático de Direito.

O entendimento do MP diverge da conclusão do inquérito elaborado pela Polícia Civil do Paraná. A delegada Camila Cecconello indiciou Guaranho por homicídio qualificado por motivo torpe e por causar risco a outras pessoas.

O atirador foi denunciado na quarta-feira (20) por homicídio duplamente qualificado por motivo fútil e perigo comum, com pena que pode variar de 12 a 30 anos de prisão.