Topo

Questionar resultado da eleição é defender 'interesse próprio', diz Fachin

Do UOL, em Brasília

01/08/2022 19h48Atualizada em 01/08/2022 20h50

Em discurso com recados ao presidente Jair Bolsonaro (PL), o ministro Edson Fachin, que preside o TSE (Tribunal Superior Eleitoral), afirmou hoje que, quem ataca as urnas não busca defender uma auditoria do sistema eleitoral mas sim "o interesse próprio de não ser responsabilizado pelas inerentes condutas".

"Quem vocifera não aceitar resultado diverso da vitória não está defendendo a auditoria das urnas eletrônicas e do processo de votação, está defendendo apenas o interesse próprio de não ser responsabilizado pelas inerentes condutas ou pela inaptidão de ser votado pela maioria da população brasileira", disse Fachin, na abertura dos trabalhos da Corte Eleitoral neste semestre.

O ministro não citou Bolsonaro nominalmente, mas afirmou que quem opta pela "adesão cega" à desinformação rejeita o diálogo e se revela "antidemocrático". O presidente ataca reiteradamente, e sem provas, a confiabilidade das urnas eletrônicas, e insinua que minisitros do TSE não têm imparcialidade para conduzir o processo eleitoral.

"Desqualificar a segurança das urnas eletrônicas tem um único objetivo: tirar dos brasileiros a certeza de que seu voto é válido e sua vontade foi respeitada. Isso é especialmente verdadeiro em relação aos cidadãos com maior dificuldade de escrever", afirmou o ministro.

Proteja o seu direito constitucional de votar, em quem quiser, pelo motivo que achar justo e correto. Não ceda aos discursos que apenas querem espalhar fake news e violência. O Brasil é maior que a intolerância e a violência. As brasileiras e os brasileiros são maiores do que a intolerância e a violência"
Edson Fachin, presidente do TSE

Sem também mencionar os ataques Bolsonaro à Justiça Eleitoral, levantando suspeitas infundadas sobre s urnas eletrônicas, o presidente do STF, Luiz Fux, cobrou "respeito" entre os candidatos das eleições deste ano e disse nunca ser tarde para que todos se lembrem de permanecerem "leais" à Constituição.

"Nunca é demais renovar ao país os votos de que nós, cidadãos brasileiros, candidatos e eleitores, permaneçamos leais à nossa Constituição Federal, sempre compromissados para que as eleições deste ano sejam marcadas pela estabilidade institucional e pela tolerância", disse Fux, em seu discurso de abertura dos trabalhos da Corte no segundo semestre.

Reunião com entidades fiscalizadoras

Fachin também citou que, mais cedo, a Corte Eleitoral recebeu 84 representantes das entidades fiscalizadoras do processo eleitoral, incluindo seis militares das Forças Armadas e três integrantes da Polícia Federal. O encontro foi realizado durante a tarde na sede do tribunal.

Participantes do encontro relataram ao UOL que foi uma reunião "expositiva" feita pelo secretário de tecnologia de informação do TSE, Julio Valente. A equipe da Corte expôs cada fase do processo eleitoral e os processos de auditoria conduzidos em cada uma delas.

Segundo os relatos, não houve espaço para questionamentos durante as exposições. Perguntas foram redigidas em papel e discutiram temas técnicos. Um dos participantes disse ao UOL que não clima de constrangimento ou embate na reunião.

Das Forças Armadas, compareceram o coronel do Exército Marcelo Nogueira de Souza, chefe da equipe dos militares que acompanha o processo eleitoral, o coronel Ricardo Sant'Ana (Exército), o capitão Heitor Albuquerque Vieira (Aeronáutica) e os capitões de fragata Helio Mendes Salmon, Vilc Queupe Rufino e Marcus Andrade (Marinha).