Carlos Bolsonaro se licencia da Câmara do Rio para auxiliar campanha do pai
O vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) entrou hoje de licença sem remuneração. Ele ficará afastado de suas atividades na Câmara do Rio de Janeiro até 30 de setembro, data que antecede o primeiro turno das eleições presidenciais. Nas redes sociais, o parlamentar disse que seu afastamento das atividades é para auxiliar na campanha de seu pai, o presidente Jair Bolsonaro (PL), que busca a recondução ao Palácio do Planalto.
O pedido foi publicado no Diário Oficial da Câmara do Rio.
Sirvo-me do presente para solicitar a Vossa Excelência, na forma regimental, licença sem vencimentos, no período de 02 de agosto a 30 de setembro de 2022. Sem mais para o momento, renovo protestos de estima e consideração.
Pedido de afastamento de Carlos Bolsonaro publicado no Diário Oficial da Câmara Municipal do Rio
Uma reportagem da Folha de S.Paulo mostra que há fortes divergências em relação à campanha do presidente Jair Bolsonaro (PL) à reeleição. Enquanto Flávio Bolsonaro (PL-RJ) apoia o profissional indicado pelo presidente do PL, Valdemar da Costa Neto, Carlos resiste em admitir um marqueteiro.
"Vou continuar fazendo o meu aqui e dane-se esse papo de profissionais do marketing. Meu Deus!", disse Carlos em uma rede social, com emojis de risada, em junho, após o lançamento de inserções do pai na televisão. Na ocasião, Carlos respondeu a uma publicação que anunciava o slogan "sem pandemia, sem corrupção, com Deus no coração. Ninguém segura esta nação".
Hoje, por meio de sua conta no Twitter, Carlos Bolsonaro disse que seu licenciamento das atividades parlamentares da Câmara de Vereadores do Rio é para que possa "ajudar" na campanha do pai sem que isso "atrapalhe" seu trabalho como vereador.
"Eu me licenciei para poder ajudar na campanha do presidente e para poder fazer isso sem atrapalhar meu trabalho como vereador do Rio. E essa é toda a história, história esta que querem deturpar de forma maliciosa para atender interesses políticos outros", escreveu.
Intocável na campanha, Carlos é o responsável por cuidar exclusivamente das mídias sociais do pai e pensar em táticas para engajar a massiva base bolsonarista nas redes. O vereador defende uma linguagem mais beligerante, com ataques a adversários, ironias, memes e outros conteúdos, e é avesso à ideia de uma estrutura formal de marketing político.
Na visão de Carlos, a empreitada pela reeleição deveria seguir os moldes de 2018 (inclusive na TV e no rádio), quando o atual presidente chegou ao Palácio do Planalto com uma narrativa "antissistema", com ênfase em pautas como o ódio à esquerda e a defesa armamentista.
No entanto, a premissa de se posicionar como "antissistema" não cola mais na imagem de Bolsonaro, que, não apenas abraçou o Centrão durante seu governo, como depende do apoio desse grupo para tentar se reeleger. Se em 2018 os apoiadores do atual mandatário execravam nomes como o do presidente da Câmara Arthur Lira (PP-AL), hoje Jair Bolsonaro chama o político alagoano de "amigo" e destaca a parceria de décadas entre eles. A aliança, aliás, foi criticada e ironizada pelo ex-ministro da Educação Abraham Weintraub que, de aliado, agora chama o presidente de "desonesto" e o acusa de "ter se deixado levar pelo fisiologismo e a corrupção durante a gestão."
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