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Maílson: Faria Lima não assina carta por medo irracional de volta de Lula

Colaboração para o UOL, em São Paulo

11/08/2022 14h09

Em entrevista ao UOL News, o ex-ministro da Fazenda Maílson da Nóbrega atribuiu a falta de adesão de representantes da Faria Lima, avenida considerada centro empresarial e financeiro da capital paulista, à carta democrática organizada pela Faculdade de Direito da USP a um "medo irracional" do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

"Tem várias razões para isso [não assinarem a carta]. Uma delas é que o sistema financeiro tradicionalmente não fala mal do governo e não assina documentos de acusação contra o governo porque tem medo de retaliação", disse. "Por outro lado, tem embutido nisso uma rejeição à volta do Lula que chega ao absurdo e à irracionalidade."

Segundo o economista, há uma visão entre integrantes do setor financeiro de que um eventual retorno de Lula ao Palácio do Planalto significaria que ele irá "se vingar" das elites do país.

"Como se o presidente da República tivesse o poder de mandar para a cadeia qualquer um dos seus adversários. Isso acontece na Nicarágua, não aqui no Brasil", afirmou Nóbrega. "[Acredita-se também] de que o PT, ganhando as eleições, vai se eternizar no poder. Isso é considerar que o Brasil é uma 'república de bananas'."

"Existem visões de que o Lula será a introdução do comunismo no Brasil, inclusive exposta pelo presidente Jair Bolsonaro. Aí, mais do que considerar o Brasil uma 'república de bananas', é considerar que a sociedade brasileira é suscetível de apoiar uma maluquice dessa. O comunismo é um evento do passado", acrescentou.

Para o ex-ministro, as pessoas que têm esses receios sobre Lula "ou são muito mal informadas, ou se influenciam de maneira excessiva".

Nóbrega ainda avaliou que os atos pró-democracia que acontecem hoje pelo país representam a defesa do Estado de direito pela sociedade brasileira, além de ser uma demonstração adicional da força das instituições do país.

O economista disse que há o risco do Brasil sofrer uma ruptura democrática, no entanto, não acredita que isso irá se materializar.

"Porque essa ameaça opera em um ambiente completamente [diferente] daquele que caracterizava o Brasil e a América Latina nos anos 60. A realidade é muito diferente e muito melhor para a democracia."

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