Marco Aurélio defende carta, mas descarta risco à democracia: 'É um alerta'
O ex-ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Marco Aurélio Mello assinou e defendeu, no UOL Entrevista de hoje, a carta à democracia lida nesta manhã na Faculdade de Direito da USP (Universidade de São Paulo). O jurista descartou, porém, a possibilidade de risco ao regime democrático no Brasil.
"Às vezes, é preciso reafirmar o óbvio: que o Estado Democrático de Direito veio para ficar. Em 1988, com a Constituição dita cidadão, nós passamos a ter um regime essencialmente democrático. Eu assinei o óbvio para reafirmar aos desavisados que vivemos em uma democracia e que o sistema eleitoral é um sistema consistente. [...] Escancarar em si o quadro vivenciado e ter o povo brasileiro todo - o poder emana do povo brasileiro - alerta quanto às circunstâncias ", afirmou.
A "Carta às brasileiras e aos brasileiros em defesa do Estado democrático de Direito" foi idealizada por ex-alunos do Largo de São Francisco. O manifesto soma mais de 900 mil assinaturas, e foi lido no mesmo local onde o professor Goffredo da Silva Telles Jr. (1915-2009) leu a "Carta aos Brasileiros", em 1977, marco histórico da resistência contra a ditadura militar.
Marco Aurélio também criticou a postura do presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), que constantemente ataca a Justiça Eleitoral e questiona, sem apresentar provas, a confiabilidade das urnas eletrônicas:
"A meu ver, o presidente comete até mesmo um ato falho porque ele foi eleito por esse sistema, ele e os filhos. É ruim porque aprendemos em casa que o exemplo vem de cima. O que pode pensar um cidadão comum, iletrado, que não tem curso superior? Imagina que há a possibilidade de fraude, mas essa possibilidade não existe."
Apesar da crítica a Bolsonaro, o ex-ministro do STF disse que votaria no atual presidente em um eventual segundo turno contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
"Não imagino uma alternância para ter como presidente da República aquele que já foi durante oito anos presidente e praticamente deu as cartas durante seis anos no governo Dilma Rousseff (PT). Penso que potencializaria o que se mostrou no governo atual e votaria no presidente Bolsonaro, muito embora não seja bolsonarista", disse o ex-ministro.
- Assista à íntegra do UOL Entrevista:
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