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Deputado vai a ato em favor da democracia com camisa com nome de Bolsonaro

O deputado federal Coronel Tadeu (PL-SP) esteve em ato na Faculdade de Direito da USP com camisa onde se lê nome do presidente Bolsonaro - Leonardo Martins/UOL
O deputado federal Coronel Tadeu (PL-SP) esteve em ato na Faculdade de Direito da USP com camisa onde se lê nome do presidente Bolsonaro Imagem: Leonardo Martins/UOL

Do UOL, em São Paulo

11/08/2022 12h42Atualizada em 11/08/2022 14h46

O deputado federal Coronel Tadeu (PL-SP) compareceu hoje ao ato realizado em favor da democracia na Faculdade de Direito da USP (Universidade de São Paulo), no centro de São Paulo, vestindo uma camisa com o nome do presidente Jair Bolsonaro (PL), de Tarcísio Freitas (Republicanos), candidato da aliança do presidente ao governo de São Paulo, e do astronauta Marcos Pontes (PL), ex-ministro e candidato ao Senado pelo estado.

O parlamentar disse não ter sido hostilizado até o momento que conversou com a reportagem, mas que foi chamado de "peitudo" por alguns presentes no ato.

"Estou aqui desde o começo, desde as 9h30, 10h. Ninguém me barrou. Mas escutei gente dizendo assim: 'pô, esse coronel é corajoso'. Outros falaram: 'esse cara é peitudo'. Então, o que eu entendo como um cara desse fala assim é que não é para eu estar aqui", disse Tadeu.

Embora as duas cartas lidas no ato não citem diretamente Bolsonaro (PL), elas são vistas como uma resposta às declarações golpistas do mandatário contra o processo eleitoral no país, em especial contra as urnas eletrônicas. Nos discursos feitos antes das leituras, os oradores tiveram a preocupação de não citar o nome do presidente.

Coronel Tadeu (PL-SP) vestiu camisa com o nome de Bolsonaro, Tarcísio e Pontes em ato a favor da democracia - Leonardo Martins/UOL - Leonardo Martins/UOL
Parlamentar vestiu camisa com o nome de Bolsonaro, Tarcísio e Pontes em ato a favor da democracia
Imagem: Leonardo Martins/UOL

Tadeu disse não ver o ato como defesa da democracia e chamou atenção pela falta da cor verde e amarela. No entanto, havia pessoas com a bandeira do Brasil — a cantora Daniela Mercury ficou enrolada em uma bandeira brasileira. Também havia faixas em defesa pela democracia na cor verde e amarela.

"A primeira conclusão que eu tive é que não é pela democracia. Se fosse, nós teríamos um verde amarelo colorindo tudo isso daqui, né? E por exemplo, os balões são brancos, tá bom, cadê uma bandeirinha do Brasil nesse balão?", questionou.

Tadeu também afirmou que havia predominância de camisetas vermelhas no ato, o que não é verdade. Havia pessoas de camiseta vermelha, mas não houve uma cor predominante no ato, como mostra o registro da praça principal onde ocorre a leitura da carta.

11.ago.2022 - Movimentação antes da leitura de Carta pela Democracia, na Faculdade de Direito da USP - André Ribeiro/FuturaPress/Estadão Conteúdo - André Ribeiro/FuturaPress/Estadão Conteúdo
Movimentação antes da leitura de Carta pela Democracia, na Faculdade de Direito da USP
Imagem: André Ribeiro/FuturaPress/Estadão Conteúdo

"Nós estamos vendo tantos atentados à democracia que deveriam ser objeto dessa manifestação, mas não. O que eu estou vendo é simplesmente uma claque política", afirmou o parlamentar.

Cartas em defesa da democracia

O ato foi marcado pela leitura de duas cartas em defesa da democracia: uma capitaneada pela Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), com apoio de mais de cem instituições, e uma organizada pelo Direito da USP, que coletou assinaturas de juristas, celebridades e da sociedade civil.

O fim da segunda carta foi marcado por gritos de "fora, Bolsonaro" vindos de integrantes da plateia.

Embora sejam divulgados como suprapartidários e desvinculados de correntes políticas, os manifestos foram estimulados especialmente pelos ataques do presidente ao STF (Supremo Tribunal Federal) e ao sistema eleitoral.

Em julho, o presidente levantou suspeitas infundadas sobre as urnas eletrônicas em reunião com embaixadores estrangeiros, em Brasília. Na segunda (8), em fala a banqueiros, o mandatário voltou a atacar o STF e desdenhou do movimento. "Assinar cartinha? Não vou assinar cartinha", disse.