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Noveleiro, Lula usa 'Pantanal' para fazer rir e se aproximar de público

Do UOL, em São Paulo

13/08/2022 04h00

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem usado a novela "Pantanal", da Rede Globo", para quebrar o clima sério de seus discursos durante a pré-campanha —oficialmente, a campanha na rua começa na próxima semana.

Noveleiro, o petista faz piada com a obra e, quando o ato ocorre à noite, lamenta estar perdendo o capítulo. A referência tem sido cada vez mais frequentes na fala do ex-presidente, com reação positiva e entusiasmada da plateia. De acordo com a campanha, os comentários são espontâneos e partiram do próprio Lula.

Alívio cômico: A novela, um remake do sucesso da extinta TV Manchete, tem sido um sucesso na Globo e é muito comentada nas redes sociais. Em entrevistas, Lula já falou sobre assisti-la com a esposa, Janja da Silva, e tem feito cada vez mais referências em eventos de campanha.

O ex-presidente —que não só acompanha a novela, como assiste em outros momentos os episódios perdidos— cita personagens e faz ligações com o assunto que ele está tratando, seja sobre alianças políticas ou problemas no país. Com isso, deixa os discursos mais leves.

Eu sei do adiantado da hora. Eu, por exemplo, como vocês, estou perdendo a novela Pantanal. Eu quero dizer para as mulheres: eu ontem fiquei com uma raiva desgraçada quando aquele Tenório expulsou de casa a mulher dele, a Bruaca. Eu, se tivesse lá, tinha dado um cascudo nele. Eu ainda acho que ela vai voltar. Não precisa matar, não precisa atirar, mas tem que dar uma lição naquele machista sem vergonha, que não respeitou a mulher que viveu com ele 30 anos.
Lula, em Teresina

"Eu choro com a Bruaca", continuou Lula, em Teresina na semana passada, quando foi interrompido por Janja, que o corrige informando que o nome da personagem "é Maria, não Bruaca".

"A Janja tá dizendo que o nome dela é Maria, mas ele trata ela de Bruaca —e nós conhecemos a Bruaca. Bruaca para nós não é ofensa porque nós todos aqui gostamos da Bruaca. Só quem não gosta é o Tenório", completaouo ex-presidente, arrancando aplausos da plateia e risadas no palco.

Sem script: Segundo membros da campanha, as falas surgiram de forma espontânea —Lula é conhecido por estender discursos sem planejamento. No caso da novela, não houve qualquer tipo e roteiro ou sugestão de fora. Com as reações positivas, as falas têm intensificado.

Primeiro, quando eu chego em casa e tiver folga, eu vou assistir Pantanar. Porque eu sou aquela sucuri. Eu tô ali... Eu sou o velho do rio! Quando eu estou zangado, a sucuri aparece. Então, não mexam comigo!
Lula, no ABC

Ligando os pontos: As incursões geralmente são relacionadas a algum ponto do discurso, de fome e críticas ao presidente Jair Bolsonaro (PL) a relações com alianças políticas.

Em ato na Paraíba, no início do mês, usou mais uma vez a personagem Bruaca para falar sobre o ex-governador e candidato ao Senado Ricardo Coutinho (PT).

O Ricardo Coutinho é aquele filho que um dia ficou emburrado e decidiu sair de casa. Que nem [a personagem de 'Pantanal'] Bruaca --e a Bruaca está voltando. De repente, ele volta e continua sendo o mesmo Ricardo Coutinho decente e digno."
Lula, na Paraíba

Coutinho foi petista entre 1982 e 2003. Depois, passou quase 20 anos no PSB. Pelo partido, governou a Paraíba entre 2011 e 2018. Após a consolidação do retorno de Lula à disputa presidencial, Coutinho foi convidado a voltar ao PT no fim do ano passado, em meio a desentendimentos com os presidentes estadual, deputado Gervásio Maia (PSB-PB), e nacional, Carlos Siqueira (PSB).

Início da campanha: A campanha nas ruas começa oficialmente na próxima terça-feira (16), a 45 dias do primeiro turno. O PT planeja atos em todos os estados para marcar o pontapé inicial.

Lula e o ex-governador Geraldo Alckmin (PSB) deverão participar de um ato em porta de fábrica na Região Metropolitana de São Paulo —junto às centrais sindicais.

Além de ligar Lula às raízes —ele ganhou projeção nacional como sindicalista no ABC—, a ideia será falar sobre o aumento do desemprego, diminuição do poder de compra do brasileiro nos últimos anos e crítica ao "uso eleitoral" do Auxílio Brasil de R$ 600, proposto por Bolsonaro —pautas de que a campanha já tem tratado.

Depois, Lula e Alckmin irão voltar a rodar o país, agora podendo usar o número 13 e pedir votos diretamente. As primeiras paradas são Belo Horizonte, na quinta (18), e São Paulo, no sábado (20).