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Empresários que defenderam golpe apoiam homofobia e fake news, diz site

O grupo de bolsonaristas discute também armamento - iStock
O grupo de bolsonaristas discute também armamento Imagem: iStock

Do UOL, em São Paulo

18/08/2022 17h01

Os empresários bolsonaristas que participam de um grupo do WhatsApp e defenderam um golpe de Estado caso o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vença as eleições este ano encaram os opositores com uma lógica de guerra, na qual seria necessário produzir fake news. As mensagens também abordam conspirações sobre o caso de Bruno e Dom e propagam homofobia.

Segundo reportagem de Guilherme Amado, colunista do Metrópoles que conseguiu acesso ao grupo de WhatsApp, o empresário Marco Aurélio Raymundo, o Morongo, dono das lojas Mormaii, é o mais ativo em sugerir a disseminação de informações falsas.

Em todas as guerras [as fake news] são de importância estratégica!!!! Eles usam direto. Nós apenas estamos olhando [...] Se não precisar mentiras? Ótimo!!!! Mas se precisar para vencer a guerra é aceitável. Muito pior é perder a guerra!!!!
Empresário Marco Aurélio Raymundo em mensagem de aplicativo

Morongo chegou a ser confrontado por um jornalista no grupo, mas não mudou o posicionamento: "Também não apoio eticamente a mentira. Óbvio. Mas não posso no momento condenar quem usa de todas as armas para lutar contra um mal muito, muito. Muito maior!!! É GUERRA!!!!".

Comentários homofóbicos

Mensagens homofóbicas são compartilhadas com frequência no grupo. Uma de abril foi enviada pelo economista e criador do chat, Daniel Fuks: "Vendedor gay chama a PM [Polícia Militar] porque um cliente falou 'querido', e o viado (sic) queria que fosse 'querida', em seguida na presença dos PMs queria o flagrante porque o cliente chamou o viado de 'cara'. Enquanto isso, morre mais um baleado por bandido numa tentativa de assalto em outro local da cidade".

No mesmo mês, o empresário José Koury, dono do shopping Barra World, compartilhou algo do mesmo teor.

Graças ao STF [Supremo Tribunal Federal] que criou ilegalmente o crime inexistente de homofobia. Precisa eleger um congresso de grande maioria de direita e acabar com esse absurdo, enquanto isso PM tem que estudar VIADOLOGIA para ir resolvendo essas ocorrências
José Koury em grupo de empresários

Uma vítima constante do preconceito do chat é o ex-governador do Rio Grande do Sul Eduardo Leite (PSDB), que foi chamado de "Leite Moça gaúcha" por Paulo Perlott. Segundo a reportagem, Perlott se apresenta no Linkedin como diretor de Marketing e Vendas da Gerdau, mas a companhia diz que ele saiu da empresa há seis anos.

Armamento

Os participantes do grupo também trocam mensagens a favor de armamento. Emílio Dolçoquio, dono da transportadora com seu sobrenome, compartilhou um vídeo em que ele pode ser visto atirando em um símbolo de "liberdade".

Koury, do Barra World, contou então que leva o filho de 13 anos a clubes de tiro fora do Brasil e no Rio de Janeiro: "Acho muito importante adolescentes aprenderem a manejar armas com responsabilidade e segurança".

Desinformação sobre caso Bruno e Dom

Outras mensagens trouxeram desinformação e conspirações sobre os assassinatos do indigenista Bruno Pereira e o jornalista inglês Dom Phillips.

[Dom] tem uma outra história, que é a ponta de um iceberg que a esquerda mundial, o PT, PSOL e a mídia farão de tudo para desviar a atenção, pois foi um tiro no pé, tal qual o caso Marielle [Franco, vereadora morta em 2018]
Marconi Souza, dono da Valeshop, em grupo de empresários

Em seguida, Souza prosseguiu reforçando que Bruno e o jornalista não tinham autorização para estar no Vale do Javari (AM), o que é refutado pela Univaja (União dos Povos Indígenas do Vale do Javari).

O empresário da Mormaii respondeu de forma irônica: "Karma existe".

O que dizem os empresários

Ao Metrópoles, José Koury e Emílio Dalçoquio não quiseram comentar e os demais não responderam. O UOL tenta contato com os citados e mantém este espaço aberto para manifestações.