Suspenso no Instagram, Hang segue ativo no Twitter após decisão de Moraes
Mesmo após decisão em que o ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), determinou o bloqueio das redes sociais de empresários bolsonaristas suspeitos de compartilharem mensagens de cunho golpista em um grupo de WhatsApp, o dono da Havan, Luciano Hang, segue ativo em seu perfil no Twitter, onde tem mais de 800 mil seguidores.
Questionado pelo UOL se irá acatar ou recorrer da decisão de Moraes, o Twitter afirmou em nota que ainda não foi notificado sobre a decisão do STF.
Ao UOL, Hang classificou a medida de Moraes como censura: "Onde está a democracia e a liberdade de pensamento e expressão? Tenho certeza de que este era o objetivo de toda esta narrativa armada contra mim: tentar me calar. Mas sigo tranquilo, pois tenho a consciência limpa e milhões de brasileiros ao meu lado. Desde que me tornei ativista político luto pela liberdade do cidadão e por um Brasil melhor, mais próspero e justo. Seria muito mais cômodo para mim ficar no conforto da minha casa, mas escolhi não me calar diante das atrocidades do nosso país. Vivemos momentos sombrios, mas vamos vencer", disse.
A manifestação ocorre depois de a PF (Polícia Federal) cumprir na manhã de ontem mandados de busca contra empresários envolvidos em mensagens que defendem um golpe de Estado caso o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vença Jair Bolsonaro (PL) nas eleições presidenciais.
Além de Hang, as conversas, reveladas pelo site Metrópoles, envolvem os empresários José Isaac Peres (rede de shopping Multiplan), Ivan Wrobel (Construtora W3), José Koury (Barra World Shopping), André Tissot (Grupo Sierra), Meyer Nigri (Tecnisa), Marco Aurélio Raimundo (Mormaii) e Afrânio Barreira (Grupo Coco Bambu).
Segundo Hang, sua mensagem no grupo de WhatsApp foi a seguinte: "Mais quatro anos de Bolsonaro, mais oito de Tarcísio e aí não terá mais espaço para esses vagabundos"."Eu nunca falei de STF (Supremo Tribunal Federal) ou de golpe", afirmou. "Eu faço parte de um grupo de 250 empresários, de diversas correntes políticas, e cada um tem o seu ponto de vista. Que eu saiba, no Brasil, ainda não existe crime de pensamento e opinião."
No entanto, reportagem do Metrópoles de ontem mostrou que Hang fez publicações no grupo de WhatsApp contra o presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Edson Fachin. E também escreveu contra o STF ao puxar o assunto do retorno de direitos políticos de Lula.
O que dizem os empresários
Luiz André Tissot, do Grupo Sierra: A defesa do empresário informou que "a empresa e o presidente da companhia não irão se manifestar sobre o tema".
Afrânio Barreira, do Grupo Coco Bambu: "Estou absolutamente tranquilo, pois minha única manifestação sobre o assunto foi um "emoji" sinalizando a leitura da mensagem, sem estar endossando ou concordando com seu teor. Confio na justiça e vamos provar que sempre fui totalmente favorável à democracia. Nunca defendi, verbalizei, pensei ou escrevi a favor de qualquer movimento anti-democrático ou de "golpe". Assim, sou a favor da liberdade, democracia e de um processo eleitoral justo."
Marco Aurélio Raymundo, da Mormaii: "O Morongo foi contatado pela Polícia Federal, ainda desconhece o inteiro teor do inquérito, mas se colocou e segue à disposição de todas autoridades para esclarecimentos."
Ivan Wrobel, da Construtora W3: O empresário endossou nota enviada à época da divulgação da matéria. "O cenário não mudou, o Sr Ivan tem um histórico de vida completamente ligado à liberdade. Em 1968 foi convidado a se retirar do IME por ser contrário ao AI5. Nada na vida dele pode fazer crer que o posicionamento daquele momento tenha mudado. Colaboraremos com o que for preciso para demonstrar que as acusações contra ele não condizem com a realidade dos fatos."
Meyer Joseph Nigri, da Tecnisa: "Em investigação para apurar supostos crimes contra o Estado Democrático de Direito conduzida pelo STF, o empresário Meyer Nigri, mesmo sem ter tido acesso aos autos do inquérito, como era seu direito, concordou em ser ouvido nesta manhã para colaborar com as investigações. Respondeu a todas as perguntas formuladas pela autoridade e rechaçou qualquer envolvimento com associação criminosa ou práticas que visam à abdicação do Estado Democrático ou preconizam golpe de Estado. Ao contrário, reafirmou sua firme crença na democracia e seu respeito incondicional aos poderes constituídos da República."
José Isaac Peres, da rede de shopping Multiplan: "Ele esclarece que sempre teve compromisso com a democracia, com a liberdade e com o desenvolvimento do país."
José Koury, do Barra World Shopping: "As mensagens obtidas em um grupo privado de amigos do WhatsApp foram deturpadas em seu sentido e contexto."
Mensagens pró-golpe
O que a reportagem do Metrópoles divulgou? A matéria do site mostrou que José Koury, dono do shopping Barra World, no Rio de Janeiro, declarou preferir uma "ruptura" do que o retorno de petistas ao Palácio do Planalto. Segundo o empresário, se o Brasil voltasse a ser governado por uma ditadura militar, o país seguiria recebendo investimentos externos.
Prefiro golpe do que a volta do PT. Um milhão de vezes. E com certeza ninguém vai deixar de fazer negócios com o Brasil. Como fazem com várias ditaduras pelo mundo.
José Koury, dono do shopping Barra World
A mensagem de Koury foi uma resposta à discussão iniciada pela postagem de Ivan Wrobel, dono da W3 Engenharia, construtora de imóveis de alto padrão, atuante na zona sul do Rio de Janeiro.
Na sequência, Marco Aurélio Raymundo, conhecido como Morongo, que é médico e dono da empresa de roupas e itens de surfe Mormaii, respondeu às mensagens de Koury:
- Golpe foi soltar o presidiário
- Golpe é o "supremo" agir fora da Constituição
- Golpe é a velha mídia só falar merd*
Afrânio Barreira, dono do Grupo Coco Bambu, defensor do presidente Bolsonaro publicamente, comentou a mensagem de Koury com uma figurinha de um homem dando "joinha".
No mesmo dia, o empresário André Tissot, do Grupo Sierra, empresa que fabrica móveis de luxo, declarou:
- O golpe teria que ter acontecido nos primeiros dias de governo.
- [Em] 2019 teríamos ganhado outros 10 anos a mais.
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