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Família Bolsonaro já bloqueou 157 jornalistas no Twitter, aponta Abraji

Imagem mostra o presidente Jair Bolsonaro ao lado dos filhos, Flávio (à esq.), Eduardo (centro) e Carlos Bolsonaro (à dir.) - Roberto Jayme/Ascom/TSE
Imagem mostra o presidente Jair Bolsonaro ao lado dos filhos, Flávio (à esq.), Eduardo (centro) e Carlos Bolsonaro (à dir.) Imagem: Roberto Jayme/Ascom/TSE

Do UOL, em São Paulo

26/08/2022 18h28

A família Bolsonaro já bloqueou 157 jornalistas e onze veículos de comunicação, no Twitter, em apenas dois anos, segundo levantamento realizado pela Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo). O monitoramento é realizado pela associação desde setembro de 2020

Somente o presidente Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição, restringiu o acesso ao seu perfil de 94 profissionais. O vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), já bloqueou 22, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), 21, e o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), 19.

No caso de Carlos Bolsonaro, foram bloqueados os perfis do UOL Confere e "Congresso em Foco", parceiro do UOL. A equipe de checagem do UOL chegou a questionar o parlamentar sobre o bloqueio no início do ano, mas não obteve retorno.

Em 2021, a Abraji entrou com ação no STF (Supremo Tribunal Federal), via mandado de segurança coletivo, para que o presidente desbloqueie os profissionais de imprensa banidos de sua conta na rede social. Para a entidade, "a prática configura restrição de acesso a informações públicas garantido pela Constituição Federal" e "sinaliza um claro impedimento ao trabalho de profissionais de imprensa e ato discriminatório".

Em novembro, porém, o procurador-geral da República, Augusto Aras, considerou que as redes sociais do presidente, mesmo sendo constantemente utilizadas para divulgação de ações oficiais, não chegam a se configurar como meios oficiais de comunicação. Para o procurador, seus perfis são ferramentas de uso privado, e que sua gestão não está vinculada à Administração Pública.

Em entrevista concedida ao site "Núcleo Jornalismo", o diretor de Políticas Públicas do Twitter na América Latina, Hugo Rodriguez Nicolat, diz que a rede social não pode interferir na decisão de bloqueios a internautas e entidades, "já que o recurso é prerrogativa de quem usa a rede social e é uma situação que não se desenrola pelo Twitter, mas sim por pessoas que utilizam a plataforma".

Ainda de acordo com levantamento da Abraji, na lista das cinco autoridades que mais bloqueiam jornalistas estão o ex-ministro da Educação Abraham Weintraub (42) e o ex-secretário especial da Cultura Mário Frias (41).

Segundo a associação, políticos de esquerda também entraram no monitoramento, como o governador Flávio Dino (PSB-MA), que já bloqueou os perfis de dois profissionais.