Bolsonaro bloqueou 82 jornalistas e 7 veículos de comunicação no Twitter
O presidente Jair Bolsonaro (PL) já bloqueou de seu perfil no Twitter pelo menos 82 jornalistas e outros sete veículos de comunicação, segundo levantamento feito pela Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo). Em julho eram 69 profissionais de imprensa e seis veículos.
Os sites bloqueados por Bolsonaro são: "The Intercept Brasil", "DCM", "Aos Fatos", "Congresso em Foco", "Repórter Brasil", "O Antagonista" e "Brasil de Fato".
Ainda de acordo com o levantamento da Abraji, dos 315 bloqueios no Twitter contra profissionais de imprensa registrados pela entidade até ontem, 291 foram realizados por Bolsonaro, seus três filhos com cargos eletivos (Flavio Bolsonaro, Carlos Bolsonaro e Eduardo Bolsonaro), ministros e secretários especiais de Estado, além de parlamentares que compõem a base de apoio do atual governo.
No caso do vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), foram bloqueados os perfis do UOL Confere e "Congresso em Foco", parceiro do UOL. A equipe de checagem do UOL chegou a questionar o vereador sobre o bloqueio, mas não obteve retorno.
A reportagem do UOL também entrou em contato por email com a assessoria da presidência e aguarda posicionamento.
No ano passado, a Abraji entrou com ação no STF (Supremo Tribunal Federal), via mandado de segurança coletivo, para que o presidente desbloqueie os profissionais de imprensa banidos de sua conta na rede social. Para a entidade, "a prática configura restrição de acesso a informações públicas garantido pela Constituição Federal" e "sinaliza um claro impedimento ao trabalho de profissionais de imprensa e ato discriminatório".
Em novembro, o procurador-geral da República, Augusto Aras, considerou que as redes sociais do presidente, mesmo sendo constantemente utilizadas para divulgação de ações oficiais, não chegam a se configurar como meios oficiais de comunicação. Para o procurador, seus perfis são ferramentas de uso privado, e que sua gestão não está vinculada à Administração Pública.
Em entrevista ao site "Núcleo Jornalismo", o diretor de Políticas Públicas do Twitter na América Latina, Hugo Rodriguez Nicolat, diz que a rede social não pode interferir na decisão de bloqueios a internautas e entidades, "já que o recurso é prerrogativa de quem usa a rede social e é uma situação que não se desenrola pelo Twitter, mas sim por pessoas que utilizam a plataforma".
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