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Maierovitch: Com Coaf 'de lado', imóveis do clã Bolsonaro geram suspeitas

Colaboração para o UOL, em São Paulo

30/08/2022 09h45Atualizada em 30/08/2022 10h49

As compras de imóveis com dinheiro em espécie feitas pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) e seus familiares geram suspeitas, principalmente pelo Coaf (Conselho de Controle de Atividade Financeira) ter sido "colocado de lado" no atual governo, afirmou o colunista do UOL Wálter Maierovitch.

Levantamento feito pelos colunistas do UOL Thiago Herdy e Juliana Dal Piva mostra que quase metade do patrimônio em imóveis da família Bolsonaro foi construída nas últimas três décadas com uso de dinheiro em espécie.

"O pagamento em dinheiro vivo não é ilegal. Mas pelas convenções internacionais, tendo em vista lavagem de dinheiro [procedente] de corrupção e de crime organizado, pagamento em dinheiro desperta suspeitas", disse Maierovitch, durante participação no UOL News.

O jurista citou um ditado português para resumir o porquê pagamentos em espécie causam desconfiança: "Quem cabritos possui, mas cabras não têm, de algum lugar os cabritos provêm."

Maierovitch disse que um dos métodos mais utilizados para a lavagem de dinheiro é a compra de imóveis com valores em espécie, pois o preço do imóvel ganha desconto e, às vezes, isso pode não ser descrito nos documentos para os cálculos de impostos.

Falando da importância do Coaf, órgão que foi transferido do Ministério da Justiça para o da Economia e, depois, para o Banco Central, Maierovitch destacou sua atuação em monitorar transações financeiras junto aos bancos.

"Quando o Bolsonaro tira a autonomia do Coaf e encosta num ministério que controla, ele simplesmente tirou do mapa internacional [possíveis irregularidades] porque é um órgão de inteligência financeira com ramificações e troca de informações internacionais", disse. "O Coaf tem uma competência vasta e foi colocado de lado."

'É necessário buscar origem do dinheiro da família Bolsonaro', diz Maierovitch

"A regra de ouro [no Direito] diz, em latim: pecúnia olet. Quer dizer: o dinheiro tem cheiro. Se ele tem cheiro, pode ser perseguido. Vamos buscar a origem do dinheiro da família Bolsonaro", disse Maierovitch.

"Vamos ver qual a renda deles, qual a renda declarada no imposto de renda, se existe compatibilidade e se esses imóveis constam nos documentos de escritura pelo valor de mercado", completou.

O colunista ainda acrescentou que possíveis inquéritos contra o presidente Bolsonaro podem parar no "paredão do Aras."

'Patrimônio como o da família Bolsonaro não deveria ser construído impunemente por ninguém', diz Josias

"Quando um político diz que ficou rico pelo trabalho duro, convém perguntar trabalho de quem. A prosperidade da família Bolsonaro é um desafio à paciência dos contribuintes que suam a camisa para entregar compulsoriamente ao Estado parte do fruto do seu esforço", disse o colunista do UOL Josias de Souza

"Bolsonaro chama Lula, seu principal adversário, de corrupto. Parece falar com uma convicção dos entendidos na matéria. Não se deve discutir com o presidente, um especialista", acrescentou.

"Ninguém deveria construir um patrimônio como o do clã Bolsonaro impunemente, mas certos políticos amam tanto a pátria que se julgam no direito de morar no déficit público", afirmou Josias.

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