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Bolsonaro afaga Lira um dia após sair em defesa do centrão: 'Grande aliado'

Do UOL, em Brasília

31/08/2022 12h24

O presidente, Jair Bolsonaro (PL), fez hoje um afago ao chefe da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), a quem chamou de "grande aliado" na "questão dos combustíveis".

O gesto ocorre um dia depois de o candidato à reeleição sair em defesa do centrão —bloco composto por partidos que costumam remar de acordo com a maré no Congresso e que foram incorporados à base do governo a fim de garantir maioria no Parlamento. Lira é o principal líder do grupo.

Bolsonaro já disse mais de uma vez reconhecer que ele depende do centrão, a quem criticava no passado, para ter governabilidade.

Ontem (30), na defesa da aliança, Bolsonaro chegou a se irritar por ter que comentar o assunto e a criticar um repórter do UOL depois de ouvir menção ao episódio em que ele, o chefe do Executivo, foi chamado de "tchutchuca do centrão" no cercadinho do Palácio da Alvorada.

Lira, um 'grande aliado'. Hoje (31), durante agenda em Foz do Iguaçu (PR), Bolsonaro elogiou o presidente da Câmara em entrevista a jornalistas brasileiros e paraguaios.

O candidato à reeleição visitou a Ponte da Integração, em Foz do Iguaçu (PR) —na fronteira entre Brasil e Paraguai. Ele tentou passar imagem de otimismo em relação aos rumos da economia e declarou que o país "está de vento em popa".

A gasolina já, em muitos postos, abaixo de R$ 5. O etanol abaixo de R$ 4 também. É um trabalho de parceria com a Câmara dos Deputados e com o Senado. Um grande aliado nosso: o Arthur Lira, na questão dos combustíveis. E o Brasil está de vento em popa
Jair Bolsonaro

Bolsonaro mencionou os reajustes que ocorreram recentemente no preço dos combustíveis e que ajudaram a reduzir o valor cobrado nos postos pela gasolina e pelo etanol. "Até pouco tempo, a gente vinha abastecer carro aqui no Paraguai, agora os paraguaios vão abastecer carro no Brasil", comentou.

A polêmica da 'tchutchuca'. Insatisfeito com a citação ao episódio em que foi rotulado como tchutchuca do centrão, ontem, Bolsonaro tentou rebater antes de se irritar e encerrar a entrevista.

Tchutchuca do centrão? Você não tem classe para fazer uma pergunta, não? Quem é tchutchuca do centrão? Me apontem ministérios entregues para políticos"
Jair Bolsonaro

O termo foi cunhado pelo youtuber Wilker Leão. Em 18 de agosto, ele foi ao cercadinho para contestar Bolsonaro e, durante filmagem com o celular em mãos, usou a expressão para criticá-lo. Na ocasião, o presidente não gostou, o abordou e tentou tirar o telefone, além de proferir ofensas.

Depois de participar de uma sabatina com lideranças do setor de comércio e serviços, em Brasília, Bolsonaro defendeu a aliança com o bloco de partidos e disse necessitar do grupo para aprovar projetos no Congresso Nacional. "Vocês querem que eu abandone o centrão? Vou negociar com quem? Aprovar proposta no Parlamento... Quem aprova proposta no Parlamento sem partido é ditadura."

O presidente costuma ser criticado, inclusive por eleitores que se identificam com o campo de direita e de centro-direita, por ter incorporado o centrão à base do governo. A aproximação se intensificou logo após o início da pandemia da covid, em 2020, quando a chamada "ala ideológica" perdeu espaços de poder dentro do Executivo federal.

Apesar da negativa de Bolsonaro, a costura da aliança rendeu nomeações de ministros, como Fábio Faria à frente das Comunicações e João Roma, na Cidadania.

'Se gritar pega centrão...'. Ao ser relembrado da ironia do ministro do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), general Augusto Heleno, em relação ao centrão —quando ele fez uma paródia da música "se gritar pega ladrão"—, Bolsonaro rebateu: "Vai entrevistar o Heleno, rapaz. Quantos deputados têm o Parlamento cubano?". Na convenção partidária em julho de 2018, Heleno cantou: "Se gritar pega centrão, não fica um, meu irmão".

Encontro na fronteira. O presidente do Paraguai, Mario Abdo Benítez, recebeu Bolsonaro na região fronteiriça por volta de 10h30, segundo relatos da imprensa local. Eles se cumprimentam com um abraço e aperto de mãos.

A página oficial da Presidência do Paraguai no Facebook exibiu imagens do momento no qual os dois chefes de estado se encontraram no alto da Ponte da Integração, a nova via de conexão entre os dois países.

O governante brasileiro declarou que um dos objetivos da agenda era discutir a questão do estímulo à piscicultura no lago de Itaipu (PR). "É uma questão muito importante. Está em andamento com o Marito. O Parlamento paraguaio também. É a piscicultura no lago Itaipu. Temos a capacidade de aumentar, no lado do Brasil, até 40% a sua produção de pescado".

"Antevendo esse boom, já estamos em contato com a equipe econômica para zeramos todo e qualquer imposto da ração para peixes. Nós queremos realmente potencializar o Brasil e potencializar o Paraguai na piscicultura."