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Pacheco defende Poderes como forma de evitar 'retrocessos antidemocráticos'

Do UOL, em Brasília

08/09/2022 11h04

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), defendeu hoje (8) os Poderes constituídos como forma de enfrentar "alegóricos retrocessos antidemocráticos e eventuais ataques à democracia". Em sessão solene para celebrar os 200 anos de Independência do Brasil, ele disse que isso é "irrefutável e irreversível".

"Seus fundamentos [da Constituição], fortalecidos por meio do reconhecimento legítimo dos brasileiros aos Poderes constituídos, serviram e servirão para enfrentarmos alegóricos retrocessos antidemocráticos e eventuais ataques ao Estado de Direito e à democracia. Isso é irrefutável, isso é irreversível", disse Pacheco.

Sem a presença do presidente Jair Bolsonaro (PL), autoridades se reuniram nesta manhã em uma cerimônia no plenário da Câmara dos Deputados. Entre os presentes estão Pacheco, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), o presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Luiz Fux, o presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Alexandre de Moraes, parlamentares e representantes das delegações estrangeiras, entre as quais o presidente de Portugal, Marcelo Rebelo.

Durante o discurso, Fux disse que "um Brasil independente pressupõe uma magistratura independente". "E um regime politico em que todos os cidadãos gozem de igualdade de chances e usufruam de todas as liberdades constitucionais e os Poderes se restrinjam aos seus exercícios em nome do povo e para o povo brasileiro", disse.

A ausência de Bolsonaro ocorre um dia após a parada militar de 7/9 e o ato político realizado em Brasília, no contexto da comemoração do Dia da Independência, na Esplanada dos Ministérios. Devido ao tom eleitoral da agenda, Fux, Lira e Pacheco não foram ao desfile e deixaram Bolsonaro isolado. Interlocutores do presidente do Senado avaliaram que a decisão do chefe do Executivo foi uma forma de "retaliação" ao ocorrido ontem.

Sem Bolsonaro, autoridades participam de sessão solene em comemoração ao Bicentenário da Independência  - Billy Boss/Câmara dos Deputados - Billy Boss/Câmara dos Deputados
Sem Bolsonaro, autoridades participam de sessão solene em comemoração ao Bicentenário da Independência
Imagem: Billy Boss/Câmara dos Deputados

Ida cancelada. De acordo com a agenda divulgada inicialmente pelo Planalto, Bolsonaro estaria no Congresso por volta de 10h. Nesse mesmo horário, porém, o governante recebia crianças no Palácio da Alvorada, a residência oficial da chefia do Executivo, em uma interação descontraída com direito a piadas e explanações sobre a história da sucessão presidencial no Brasil.

Em seguida, Bolsonaro levou um grupo de alunos de uma escola de Brasília para conhecer uma área externa do Palácio da Alvorada, com um amplo jardim. "A casa é muito grande", disse ele, e as crianças riram.

Segundo o Departamento de Polícia do Senado Federal, Bolsonaro não apresentou justificativa para cancelar a agenda. A Secom (Secretaria Especial de Comunicação Social) também não explicou o motivo da desistência.

Alfinetada. O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), coordenador da comissão especial curadora do Bicentenário, alfinetou a falta de justificativa por parte do presidente e se desculpou com as autoridades presentes.

"Peço desculpas aos chefes de Estado estrangeiros e, ao mesmo tempo, as missões diplomáticas pela ausência e não encaminhamento de nenhuma mensagem a esta sessão da parte do atual magistrado da nação", afirmou Rodrigues.

Coro do imbrochável. Pouco antes de levar crianças às dependências do Alvorada, Bolsonaro tirou selfies com apoiadores na portaria e voltou a ouvir o coro do "imbrochável". Ontem, logo após o desfile militar em Brasília que celebrou os 200 anos da independência do país, Bolsonaro realizou um ato político, em tom de comício, para discursar a apoiadores, criticar adversários e exaltar valores conservadores.

Em dado momento, ao lado da primeira-dama, Michelle Bolsonaro, o candidato incentivou a militância a acompanhá-lo aos gritos de "imbrochável". Ele também fez comparações entre a sua esposa e outras primeiras-damas, alfinetou Janja (mulher do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, PT, seu principal adversário) e chamou Michelle de "princesa".

"A vontade do povo se fará presente no próximo dia dois de outubro. Vamos todos votar, vamos convencer aqueles que pensam diferente de nós, vamos convencê-los do que é melhor para o nosso Brasil. Podemos fazer várias comparações, até entre as primeiras-damas", disse, referindo-se, sem citar o nome de Janja.

"Não há o que discutir, uma mulher de Deus, família e ativa na minha vida, não é ao meu lado não, muitas vezes ela está é na minha frente. E eu tenho falado para os homens solteiros, para os solteiros que estão cansados de serem infelizes, procurem uma mulher, uma princesa, se case com ela para serem mais felizes ainda", continuou o presidente.

O discurso foi feito em caminhão de som disponibilizado por empresários do agronegócio, próximo do local do desfile oficial das Forças Armadas, na Esplanada dos Ministérios. Estavam presentes o vice-presidente, Hamilton Mourão, o empresário investigado pelo STF (Supremo Tribunal Federal) Luciano Hang, o pastor da Assembleia de Deus Silas Malafaia, além de deputados bolsonaristas e outros apoiadores.