Dinheiro vivo em imóveis não afeta voto bolsonarista, mas impacta indecisos
Informações da reportagem sobre a compra de imóveis com uso de dinheiro vivo pela família de Jair Bolsonaro (PL), publicada no fim de agosto pelo UOL, impactaram uma parte dos eleitores indecisos e de apoiadores dos candidatos Ciro Gomes (PDT) e Simone Tebet (MDB), mas não tiveram efeito no eleitorado fiel do presidente Bolsonaro, de acordo com pesquisa da Quaest Consultoria feita entre 10 e 13 de setembro.
Realizado a duas semanas do primeiro turno, o levantamento mostra que 92% dos eleitores de Bolsonaro declaram não ter tido a percepção sobre o presidente alterada por conta da notícia, que revelou o uso de dinheiro em espécie em 51 dos 107 imóveis adquiridos por sua família nos últimos 30 anos.
A maioria dos eleitores de outros candidatos e dos eleitores indecisos também dizem não ter a percepção alterada por conta da notícia, mas em proporção menor do que a observada entre os apoiadores do presidente.
Segundo o levantamento, 17 entre 100 eleitores que buscam um voto alternativo à polarização entre o petista Luiz Inácio Lula da Silva e Bolsonaro disseram ter agora um pior juízo sobre o atual presidente, após a publicação da reportagem. No caso dos indecisos, 13 entre cada 100 eleitores também dizem ter agora pior percepção sobre o atual presidente.
Entre os eleitores que declaram voto em Lula, 32% dizem ter passado a ter pior percepção sobre Bolsonaro.
Impacto entre jovens, católicos e mais pobres
O impacto negativo é maior para o presidente entre eleitores jovens, entre católicos e entre pessoas com renda de até dois salários mínimos. Nestes três grupos, 20% dizem ter percepção sobre o presidente alterada para pior após a publicação da notícia.
Os entrevistadores da Quaest perguntaram quantas pessoas já tinham conhecimento sobre o caso no momento da entrevista: metade disse ter conhecido o caso antes da abordagem do instituto.
O menor grau de conhecimento sobre o caso foi observado entre indecisos: 62% responderam ter conhecimento do caso apenas no momento da abordagem feita pelos pesquisadores.
Atualmente, advogados das campanhas de Lula e de Bolsonaro brigam na Justiça Eleitoral em relação ao direito de veicular propaganda eleitoral sobre o tema. A equipe de advogados do presidente tentou retirar do ar uma peça da campanha lulista mencionando o caso, mas teve o pedido negado.
A pesquisa entrevistou 2.000 pessoas face a face, entre os dias 10 e 13 de setembro. Ela foi contratada pela Genial Investimentos. Segundo o instituto, o índice de confiança é de 95%. A pesquisa foi registrada no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) sob o número BR-03420/2022.
Entenda o caso revelado pelo UOL
A reportagem do UOL revelou que a família Bolsonaro realizou transações com uso total ou parcial de dinheiro em espécie em 51 das 107 transações imobiliárias realizadas desde os anos 1990. Estas compras totalizaram R$ 13,5 milhões. Atualmente, em valores corrigidos pelo IPCA, este montante equivale a R$ 25,6 milhões.
Não é possível saber a forma de pagamento de 26 imóveis, que somaram R$ 986 mil (ou R$ 1,99 milhão em valores corrigidos), porque esta informação não consta nos documentos de compra e venda. Já as transações por meio de cheque ou transferência bancária envolveram 30 imóveis, totalizando R$ 13,4 milhões (ou R$ 17,9 milhões corrigidos pelo IPCA).
O levantamento considera o patrimônio construído no Rio de Janeiro, em São Paulo e em Brasília pelo presidente, seus três filhos mais velhos, mãe, cinco irmãos e duas ex-mulheres.
Depois da publicação, o presidente reagiu, dizendo não ver problema na aquisição de imóveis em espécie e negou haver irregularidades na aquisição dos bens. "Qual o problema de comprar com dinheiro vivo algum imóvel?", ele reagiu. Ao ser perguntado sobre o caso em entrevistas recentes, o presidente tem dito que considera a reportagem uma forma de perseguição à sua família.
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