Eduardo Bolsonaro admite pagamento parcial de dinheiro vivo por apartamento
O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) admitiu em um vídeo publicado em seu canal no YouTube na sexta-feira (23) que fez pagamentos parciais em dinheiro vivo durante a compra de um apartamento em Copacabana no ano de 2011.
"O apartamento custou R$ 160 mil e nem um terço dele foi pago com dinheiro vivo. Tudo totalmente condizente com o meu salário, e a Folha/UOL só sabe disso por que? Primeiro, porque nós não usamos laranjas, e, segundo, eu detalhei a forma de pagamento na escritura", afirmou Eduardo Bolsonaro, no vídeo.
Na reportagem que revelou que o clã Bolsonaro pagou 51 imóveis total ou parcialmente com dinheiro vivo, o apartamento mencionado pelo deputado foi considerado.
O imóvel foi comprado em Copacabana em 3 de fevereiro de 2011. A aquisição foi registrada no 24º Ofício de Notas do Rio. O apartamento foi vendido por R$ 160 mil, o que corrigido pelo IPCA equivale, hoje, a R$ 320,5 mil.
Na escritura ficou anotado que o pagamento feito por Eduardo ocorreu por meio de um cheque administrativo de R$ 110 mil. O valor restante foi descrito pelo escrivão como: "R$ 50 mil através de moeda corrente do país, tudo conferido, contado e achado certo, perante mim do que dou fé".
A escritura desse imóvel de Copacabana também deixou registrado que ele foi vendido por um valor inferior ao que a prefeitura avaliava à época.
No documento, está descrito que a "Secretaria Municipal de Fazenda, para efeitos fiscais, avaliou o imóvel em R$ 228.223,64". O valor pago por Eduardo representou um desconto de 30% no imóvel.
Eduardo foi procurado para falar sobre a compra do imóvel em diferentes ocasiões e nunca tinha se manifestado. As declarações dele confirmam que a referência à moeda corrente na escritura foi feita em relação a um pagamento em dinheiro vivo no valor de R$ 50 mil.
Mas esse não foi o único imóvel adquirido por Eduardo Bolsonaro com uso de dinheiro vivo.
No dia 29 de dezembro de 2016, o deputado esteve no cartório do 17º Ofício de Notas, no Centro do Rio, para registrar a escritura de um apartamento comprado em Botafogo no valor de R$ 1 milhão, corrigido pelo IPCA esse valor chega a R$ 1,3 milhão.
No documento ficou registrado que ele já tinha dado um sinal de R$ 81 mil pelo imóvel e que estava pagando "R$ 100 mil neste ato em moeda corrente do país, contada e achada certa".
Na escritura ficou registrado ainda que ele iria pagar outros R$ 18,9 mil seis dias depois. Já o restante, a maior parte, R$ 800 mil foi quitado com financiamento junto à Caixa Econômica Federal.
Desde os anos 1990 até os dias atuais, o presidente, irmãos e filhos negociaram 107 imóveis, dos quais pelo menos 51 foram adquiridos total ou parcialmente com uso de dinheiro vivo.
O total das compras registradas nos cartórios com o modo de pagamento "em moeda corrente nacional", expressão padronizada para repasses em espécie, totalizam R$ 13,5 milhões. Em valores corrigidos pelo IPCA, este montante equivale, nos dias atuais, a R$ 25,6 milhões. A parte apenas em dinheiro vivo destas transações é de pelo menos R$ 5,7 milhões, ainda em valores da época. Se corrigidos pelo IPCA, os valores equivalem a R$ 11,1 milhões apenas em dinheiro vivo.
Depois da publicação da reportagem, primeiro o presidente Jair Bolsonaro perguntou qual seria o problema em usar dinheiro vivo para transações imobiliárias. Depois, lançou dúvidas sobre a redação das escrituras, dando a entender que poderiam não fazer referência a dinheiro vivo.
Esta é a primeira vez que um outro integrante da família vem a público se manifestar sobre uma das 51 transações relatadas pelo UOL e confirmar que naquela transação houve, de fato, uso de dinheiro vivo.
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