Jornalista Leandro Demori diz ter deixado o Brasil por medo da violência
O jornalista Leandro Demori, ex-editor-executivo do The Intercept Brasil, revelou que saiu do Brasil por causa da violência. Em seu Twitter, Demori diz que a decisão foi tomada em conjunto com a família e espera voltar em breve.
"Decidi, com minha família, a sair do Brasil", revelou o jornalista, em vídeo publicado nas redes sociais. "Os episódios de violência não param de aumentar, e eu sou uma pessoa muito visada. Me tornei uma pessoa reconhecível na rua. Posso dizer para você tranquilamente que é uma coisa que eu nunca busquei. Nunca fui jornalista de televisão, sempre fui repórter e editor."
Demori é conhecido, principalmente, por sua contribuição com a série de reportagens sobre a Lava Jato, batizada de Vaza Jato.
Desde então, o jornalista tem sofrido ameaças, e o governo brasileiro recebeu recomendação da ONU (Organização das Nações Unidas) para oferecer medidas protetivas a ele, o que não foi acatado.
Ele lamentou não poder votar nas eleições deste domingo (2/10), pelo motivo de ser reconhecido. E disse que espera que "tudo volte ao normal" a partir de 2023.
"Nosso único desejo é que essa fase passe, que tudo volte ao normal, e que eu possa, a partir de 2023, criticar o governo Lula de modo legítimo e democrático."
Pai de uma criança, o jornalista também diz se preocupar com isso. "Não posso me colocar em risco, tenho filho pequeno. A minha família tomou essa decisão em conjunto, então não estamos mais no Brasil, saímos por esse motivo, é uma coisa que é bom deixar claro aqui".
No fio da postagem, ele diz que não quer transformar esse fato em "lamentação". "A todos que se solidarizaram. Só deixei público porque devo uma explicação a quem me acompanha. Há mais detalhes, talvez no futuro eu fale. Não vou transformar isso em lamentação. Vamos refazer nossa vida e seguir lutando pelo país que acreditamos, mesmo de longe! Beijos!".
Demori disse que foi perseguido em SC
Em janeiro deste ano, o jornalista contou em seu Twitter que havia sido perseguido e ameaçado em Balneário Camboriú (SC). "O meliante, um clássico 'cidadão de bem', achou por bem perseguir e intimidar um pai e uma mãe que passeavam distraídos com uma criança de 3 anos em um carrinho de bebê. Estamos bem, depois do susto".
Na época, a Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo) publicou uma nota em que repudiou a ameaça sofrida pelo editor-executivo.
"O trabalho jornalístico está sujeito ao escrutínio da sociedade, mas é preocupante a escalada da agressividade direcionada aos profissionais em razão do trabalho que realizam de informar, apurar e fiscalizar o poder público, as figuras de interesse público e as instituições".
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