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Advogado: Mobilizar ministro por Jefferson é atípico e deve ser investigado

Colaboração para o UOL

24/10/2022 09h33Atualizada em 24/10/2022 12h05

O ex-procurador Bruno Espiñeira, presidente da Anacrim-DF (Associação Nacional da Advocacia Criminal, no DF), cobrou, em entrevista ao UOL News hoje, investigação sobre a participação do ministro da Justiça, Anderson Torres, no episódio envolvendo a reação a tiros do ex-deputado Roberto Jefferson (PTB) contra policiais federais.

"Me parece uma situação atípica e as consequências disso me parecem que deverão ser investigadas pelo próprio ministro relator [Alexandre de Moraes], que determinou essa voz de prisão", disse o advogado criminalista.

"Esse mandado era mais importante do que as dezenas de outros mandados expedidos diariamente no país afora? É uma questão de causa perplexidade e merece resposta", acrescentou.

Segundo o jornal O Estado de S.Paulo, Anderson Torres comandou as negociações para a rendição do ex-deputado Roberto Jefferson da cidade de Juiz de Fora (MG), a cerca de 51 quilômetros da casa do petebista em Levy Gasparian (RJ).

De acordo com a Secretaria de Comunicação do governo, o presidente da República, Jair Bolsonaro, proibiu Torres de seguir para o condomínio de Jefferson, palco de um enfrentamento com os agentes da Polícia Federal no início da tarde.

O ex-procurador Bruno Espiñeira ainda comparou o episódio envolvendo Roberto Jefferson com ações de organizações criminosas. "Nos meus 28 anos de atuação, jamais tinha me deparado [com uma situação como essa], numa área sensível que é o direito penal, e confesso que exceto em situações de organizações criminosas".

Mônica Bergamo: Bolsonaro já notou que caso Jefferson é desastre para ele

O próprio candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL) notou que o episódio envolvendo a reação a tiros de Roberto Jefferson (PTB) contra policiais federais representa um "desastre" para sua campanha. A apuração é da jornalista Mônica Bergamo, colunista do jornal Folha de S.Paulo, durante UOL News.

A jornalista explica que o ataque de Jefferson, apoiador de Bolsonaro, prejudica a mudança de postura do presidente, que adotou um tom mais brando para angariar votos.

"E aí vem esse setor do bolsonarismo que ele alimentou o tempo inteiro e explode uma granada na cara de todo mundo. É só observar como Bolsonaro reage. Ele, sim, tem pesquisa, dinheiro para isso, e percebeu que o episódio foi um desastre para campanha", afirmou.

Carla: Aliados veem desgaste de Bolsonaro por ministro em caso Jefferson

Aliados do candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL) admitem que o episódio envolvendo a reação a tiros do ex-deputado Roberto Jefferson (PTB) contra policiais federais desgasta a campanha do presidente. A apuração é da colunista do UOL Carla Araújo, durante UOL News.

Segundo a jornalista, o desgaste é causado principalmente por dois fatores: a participação do ministro da Justiça, Anderson Torres, no caso e o fato de Bolsonaro ter mentido sobre não ter sido fotografado ao lado de Jefferson. Diversas fotos divulgadas pelo próprio governo desmentem o presidente.

"Os aliados dizem ainda que é cedo para avaliar totalmente o impacto desse episódio de ontem, admitindo todos, obviamente, que tem um desgaste. Essa ideia [envio do ministro da Justiça] passou justamente a impressão de que Bolsonaro estaria protegendo, inclusive com aparato do Estado", analisou Carla Araújo.