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Novo suspende filiação de Amoêdo, que reiteira voto em Lula

Do UOL, em São Paulo

27/10/2022 07h59Atualizada em 27/10/2022 15h58

O partido Novo informou hoje que suspendeu a filiação de João Amoêdo. A legenda não deu detalhes sobre o motivo da suspensão, mas disse que ele teria cometido "possíveis violações" ao estatuto do partido.

Amoêdo é alvo de um processo na CEP (Comissão de Ética Partidária) do Novo, órgão que, segundo o partido, "tem como principal função zelar pela ética e decoro, bem como pela aplicação do Estatuto e normas internas".

"O processo na CEP segue seu curso respeitando rigorosamente as determinações Estatutárias e o pleno direito de defesa", diz comunicado do partido.

No último dia 15, Amoêdo declarou voto no ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no segundo turno das eleições presidenciais. "Os fatos, a história recente e o resultado do 1º turno, que fortaleceram a base de apoio de Bolsonaro, me levam à conclusão de que o atual presidente apresenta um risco substancialmente maior", disse o empresário ao jornal Folha de S.Paulo.

Hoje, no Twitter, Amoêdo afirmou que recebeu com "surpresa e indignação" a decisão. Segundo ele, "todos os mandatários que assinaram o pedido de suspensão e expulsão declararam voto em Bolsonaro no segundo turno". Amoêdo também reiterou na postagem que, desde março de 2020, não exerce qualquer cargo no Novo e que é apenas filiado e que, portanto, sua opinião não representaria o pensamento oficial do partido. E reiterou seu voto em Lula.

Após a declaração de voto no petista, o Novo afirmou que a decisão de Amoêdo "constrange a instituição" e é "lamentável e incoerente". Segundo a sigla, Lula "sempre apoiou ditadores e protagonizou os maiores escândalos de corrupção da história".

"Apoiar aqueles que aparelharam órgãos de Estado, corromperam nossa democracia e saquearam os cofres públicos é fazer oposição ao povo brasileiro", disse a legenda.

Declaração de voto não é apoio, disse Amoêdo

Em entrevista ao UOL News no dia 18, Amoêdo negou que esteja apoiando a candidatura de Lula. Ele afirmou que não irá se engajar na campanha e também afirmou que sua declaração de voto é uma espécie de "contenção de danos".

"Seria incoerente da minha parte e iria contra o que eu acredito me engajar na campanha do Lula porque não são as ideias que eu defendo. Tão logo ele seja eleito estarei lá, caso ele venha a insistir em ideias e metodologias erradas, estarei no dia seguinte fazendo oposição", afirmou.

Amoêdo também fez questão de destacar, durante a entrevista, que continuará fazendo oposição, independentemente do resultado das eleições. "Eu não estou declarando apoio, estou declarando voto. Sou oposição e continuo oposição ao PT, continuo oposição ao Lula. O voto para mim é uma contenção de danos, então acho que é coerente eu fazer esse voto."

Dirigentes pediram desfiliação

Em documento assinado este mês, dirigentes e membros do Partido Novo, como o presidente da sigla Eduardo Ribeiro, pediram a "imediata desfiliação" de Amoêdo. Também assinaram o texto o governador reeleito de Minas Gerais, Romeu Zema, e o ex-presidenciável da legenda, Luiz Felipe D'Ávila.

Amoêdo foi um dos fundadores do Novo e responsável por doar quase todo o dinheiro necessário para custear as despesas de criação. O custo total foi de R$ 5 milhões e o empresário doou R$ 4,5 milhões.

Segundo os signatários do manifesto, o empresário teria constrangido o partido com a declaração de voto em Lula e "a população brasileira confunde a figura de João Amoedo com a do Novo".