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PGR é contra visita de amigos e familiares a Roberto Jefferson na prisão

Ex-deputado Roberto Jefferson (PTB), preso no domingo (23) por descumprir medidas cautelares impostas pelo STF - Mateus Bonomi/Folhapress
Ex-deputado Roberto Jefferson (PTB), preso no domingo (23) por descumprir medidas cautelares impostas pelo STF Imagem: Mateus Bonomi/Folhapress

Do UOL, em Brasília

27/10/2022 17h23Atualizada em 27/10/2022 17h23

A PGR (Procuradoria-Geral da República) se manifestou contra o pedido da defesa do ex-deputado Roberto Jefferson para receber visita de amigos, familiares e líderes religiosos no presídio Pedrolino Werling de Oliveira, o Bangu 8, no Rio de Janeiro.

A defesa fez os pedidos após o ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), barrar as visitas na decisão que mandou Jefferson de volta à cadeia.

Segundo a PGR, Jefferson descumpriu inúmeras medidas cautelares que lhe foram impostas, inclusive com a ajuda de terceiros, como a concessão de entrevistas e o repasse de informações a dirigentes do PTB. Ambas as condutas eram proibidas por decisão do Supremo.

"Assim, a proibição de recebimento de visitas de amigos e familiares é necessária, adequada e proporcional, no desiderato de cessar a reiteração delitiva do réu que tem demonstrado grave conduta atentatória ao cumprimento de ordens judiciais, inclusive com o auxílio de terceiros, culminando, de modo arbitrário e violento, no recente episódio do uso de arma de fogo contra policiais federais", disse a vice-procuradora-geral Lindôra Araújo.

Lindôra, porém, é favorável ao fornecimento de dieta restritiva e especial ao ex-deputado em razão de sua situação médica. À Justiça, a defesa de Roberto Jefferson afirmou que ele faz diversos tratamentos que necessitam de medicações e acompanhamento médico específico.

"Diante do exposto, a Procuradoria-Geral da República manifesta-se favoravelmente ao fornecimento de dieta restritiva e especial a Roberto Jefferson Monteiro Francisco, necessária ao tratamento de suas enfermidades, bem como de todos os medicamentos relacionados ao seu estado de saúde, além da assistência médica e por advogados constituídos. Por outro lado, o Parquet se opõe ao pedido de autorização de visitação por familiares, amigos e líderes religiosos", frisou Lindôra.

Prisão preventiva. Mais cedo, Moraes converteu a prisão em flagrante do ex-deputado federal Roberto Jefferson (PTB) em preventiva por atirar contra agentes da PF (Polícia Federal).

Em decisão, o magistrado apontou que o ex-deputado confessou ter disparado 50 tiros de fuzil e que ele tinha um "verdadeiro arsenal militar" em casa.

"O preso se utilizou de armamento de alto calibre (fuzil 556), para disparar uma rajada de mais de 50 (cinquenta) tiros, além de lançar 3 (três) granadas contra a equipe da Polícia Federal", apontou Moraes. " O cenário se revela ainda mais grave pois, conforme constou do auto de apreensão, foram apreendidos mais de 7 (sete) mil cartuchos de munição (compatíveis com fuzis e pistolas)".

Tentativas de homicídio. Roberto Jefferson foi preso no domingo (23), dias depois de chamar a ministra Cármen Lúcia de "bruxa" e compará-la a prostitutas. Ao resistir à prisão, além dos tiros de fuzil, arremessou três granadas na direção dos agentes que foram cumprir a decisão.

A PF afirmou em relatório que o ex-deputado assumiu o risco de matar os policiais, e Jefferson foi indiciado por quatro tentativas de homicídio.

Em audiência de custódia, o ex-deputado confessou os disparos, negando que tenha intenção de atingir os policiais. Jefferson também manteve ofensas a ministros do Supremo.

Fuzil muito procurado. Como mostrou o UOL, o calibre de fuzil usado por Jefferson para atirar contra os policiais teve um "boom" de registros na PF desde o início do governo Jair Bolsonaro (PL).

Dados reunidos desde 2012 pela PF e obtidos via LAI (Lei de Acesso à Informação) apontam que, em três anos e nove meses de governo, foram 7.651 novos fuzis calibre 5.56 mm no país.