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Zambelli é chamada de 'racista' e 'mentirosa' a caminho de delegacia

Do UOL, em São Paulo

29/10/2022 20h13Atualizada em 29/10/2022 22h06

A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), aliada do presidente Jair Bolsonaro (PL), foi xingada de "racista", "vagabunda" e "mentirosa" por outras pessoas não identificadas enquanto caminhava para a delegacia, onde iria registrar o boletim de ocorrência da confusão que se envolvera com um apoiador do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A cena com os xingamentos foi captada pelo site de notícias "Metrópoles".

Os gritos pareciam vir de pessoas que estavam em prédios ao lado do local da confusão. Em nota ao UOL, Zambelli declarou saber "que alguns 'detentores de microfones' me julgaram pela atitude. Essas pessoas são, na verdade, culpados parciais que tentam manter em pé a agressão como instrumento de projeto de poder da esquerda".

Carla Zambelli foi filmada apontando uma arma para o homem na esquina da rua Joaquim Eugênio de Lima com a alameda Lorena, em São Paulo. No vídeo, ela atravessa a rua e entra em um bar com uma pistola empunhada.

Ela afirma ter sido agredida e empurrada pelo homem. "Eles usaram um negro para vir em cima de mim", disse. O homem conversou com o UOL e afirmou que a intenção de Zambelli era prendê-lo e matá-lo.

Pela legislação eleitoral, é proibido o transporte de armas e munições por CACs (colecionadores, atiradores e caçadores) nas 24h antes da eleição, assim como no dia e nas 24 h posteriores ao pleito.

O rapaz afirmou que a confusão começou porque ele encontrou com Zambelli em um bar e a mandou "tomar no cu". Ele relata que as pessoas que acompanhavam Zambelli começaram a filmar a discussão até que o homem disse "te amo, espanhola". Foi neste o momento que Zambelli se desequilibra, quase cai e corre atrás da vítima com a arma.

A ação aconteceu na esquina da rua Joaquim Eugênio de Lima com a alameda Lorena. Pela gravação, é possível ouvir a deputada falando para o homem mais de uma vez "deita no chão". Pessoas que estavam no local tentaram contê-la e uma voz afirma "ela quer me matar, mano". Testemunhas falaram que a polícia interditou a passagem de veículos na rua para preservar a cena do ocorrido.

Ele diz ter ouvido um disparo, mas que não viu quem o efetuou. O homem relatou que Zambelli e os homens que a acompanhavam ordenaram que ele deitasse no chão, o que ele não atendeu. Depois da confusão, sempre de acordo com o relato do jornalista, Zambelli pediu que ele gravasse um vídeo pedindo desculpas pela confusão, o que ele também recusou.

De acordo com a polícia, a confusão teria começado na esquina da rua Capitão Pinto Ferreira com Alameda Lorena. Testemunhas falaram que a polícia interditou a passagem de veículos na rua para preservar a cena do ocorrido.

Vídeo obtido pelo UOL confirma parte do relato do jornalista. Nessas imagens, na alameda Lorena com a rua Capitão Pinto Ferreira, um grupo de homens circula ao redor de Zambelli e ela cai, sem ninguém empurrá-la. "Xingou de boiola", acusou um deles.

Ela levanta e começa a correr atrás de dois dos homens. Uma pessoa saca uma arma e é possível ouvir um som que seria de um disparo, enquanto mais ofensas são trocadas. "Chama a polícia", grita uma pessoa ao redor. Zambelli continuou correndo atrás de um dos homens, o que entra no bar procurando abrigo.

O que diz Zambelli? Em nota ao UOL, a parlamentar disse que nunca usou a sua condição de mulher "para obter vantagens pessoais ou políticas" e, apesar de nunca ter se sentido "explorada por nenhum homem", isso não significa que ela deve "abaixar a cabeça quando percebe que sua integridade física está em risco".

"Na tarde deste sábado, enquanto eu almoçava com meu filho de 14 anos na Alameda Lorena, observei uma movimentação estranha pela janela do restaurante. Um grupo de pessoas olhava em minha direção como se estivesse me desafiando. Não por coincidência, quando saímos do restaurante, fui abordada por essa turma que começou a me ofender. Dentre os insultos, me chamaram de filha da put* e prostituta. Em nenhum momento eu aumentei o tom da minha voz, como os próprios vídeos comprovam", começou a parlamentar.

Na sequência, Zambelli declarou que "não é porque não gosta de se fazer de vítima", que "devo normalizar as perseguições e agressões que vêm aumentando a cada dia". "Baixar a cabeça toda vez que cuspirem em minha cara é demonstrar uma adaptação à violência corriqueira da esquerda. Sei que alguns apoiadores e eleitores estão anestesiados e sem vigor e acreditam que eu deveria ter ficado quieta, como aconteceu às vésperas do primeiro turno, quando militantes me agrediram na Avenida Paulista."

"Acontece que dessa vez, eu estava em companhia da minha família. Proteger pessoas que amo é maior do que qualquer caminho de 'leis' e 'instituições'. Soube que alguns 'detentores de microfones' me julgaram pela atitude. Essas pessoas são, na verdade, culpados parciais que tentam manter em pé a agressão como instrumento de projeto de poder da esquerda. Para essa gente, mulher que não é escrava do feminismo não é mulher, é uma traidora."