Ato bolsonarista no DF reúne religiosos e monarquistas em clamor por golpe
Insatisfeitos com a derrota de Jair Bolsonaro (PL) na disputa presidencial, apoiadores do candidato à reeleição entoaram hoje gritos de "intervenção federal" em frente ao quartel-general do Exército, em Brasília. O clamor por uma ruptura democrática foi o que mais se ouviu no ato, que reuniu grupos diversos de entusiastas do atual governo — religiosos, monarquistas, motoqueiros e outros.
Apesar da chuva na capital federal, manifestantes fizeram ampla aglomeração em frente à praça dos Cristais. Alguns até dormiram no local de ontem para hoje. Barracas de camping e tendas foram improvisadas, e voluntários atuaram na distribuição de mantimentos. Durante o protesto, uma idosa passou mal e foi socorrida por bombeiros que estavam de prontidão.
Por medida de segurança, o perímetro do SMU (Setor Militar Urbano) que abrange o quartel-general e seus arredores foi isolado pelos militares. O comando do Exército registrou imagens da movimentação por meio de um drone que sobrevoava a região.
No gogó. O trio elétrico contratado pelos manifestantes não foi autorizado a entrar na área do SMU — dessa forma, eles tiveram que apelar para megafones e um pequeno caminhão de som.
Fraude? Vários participantes do ato exibiram faixas com pedidos de intervenção federal. Uma delas continha uma mensagem contraditória, pois sugeria a interferência dos militares no regime democrático, mas "com o presidente no cargo" (em referência a Bolsonaro).
Em dado momento, um grupo começou a gritar para que praças e oficiais 'saíssem do quartel e cumprissem a sua função'. "Forças Armadas, salvem a nação."
Abordada pela reportagem, uma mulher que se identificou apenas como Sônia reclamou de uma suposta fraude nas urnas —fato inverídico que é sustentado pela campanha de Bolsonaro. "O país não teve eleições limpas. Não vamos admitir. O Exército precisa sair do quartel e nos proteger do comunismo", declarou ela. Após a rápida fala, a bolsonarista se juntou aos demais apoiadores que gritavam:
"Pela intervenção! Não vou bater continência para ladrão."
Pouco depois, uma menina, que se identificou Maria Luiza, subiu no carro de som e, com o aparente consentimento dos responsáveis, fez um pedido ao Exército: "Eu quero a minha proteção".
De religiosos a monarquistas. O ato em frente ao quartel-general do Exército reuniu centenas de famílias, muitas com crianças. Também foi palco da manifestação de religiosos, sobretudo evangélicos e católicos, que fizeram orações durante toda a mobilização. Um louvor gospel foi cantado mais de uma vez, com grande adesão do público.
Já um grupo de pessoas que se identificam com o monarquismo utilizou mastros da praça dos Cristais para erguer uma réplica da bandeira imperial, que representa a monarquia brasileira. O Brasil deixou de ser uma monarquia em 1889, ano da Proclamação da República.
Ataques ao STF. Durante a mobilização, os manifestantes pediram o fechamento do STF (Supremo Tribunal Federal), a prisão de opositores, e fizeram ataques ao presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), maior símbolo da rivalidade entre os bolsonaristas e a esquerda.
Alguns manifestantes disseram estar na praça dos Cristais, situada no Setor Militar Urbano de Brasília, desde a noite de ontem (2).
A auxiliar de serviços gerais Mônica Crispim afirmou que "todo esforço vale a pena", "apesar do cansaço". "Não é por mim, é pelo país."
Acampamento. Grupos de bolsonaristas se organizaram previamente e levaram barracas, mantimentos e proteção contra a chuva e o frio. Perto do horário do almoço, uma das famílias acampadas no local começou a fazer um churrasco.
O contingente do Exército acompanhou a movimentação dos bolsonaristas à distância, sem interferência. Um drone foi utilizado pelos militares para registrar imagens.
Grades foram afixadas dentro de um perímetro de segurança para isolar o quartel-general, nos arredores da concha acústica. Não houve registro de confusão ou de hostilidades.
Contestação do resultado das urnas. Segundo um dos porta-vozes do ato, o principal argumento em defesa do governo, também utilizado para pedir intervenção federal ao Exército, é a "ilegalidade do processo eleitoral".
Com um megafone na mão, a liderança reclamou do presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Alexandre de Moraes, e lembrou o episódio da acusação de fraude feita pela campanha de Bolsonaro a partir de dados controversos sobre inserções em rádios do Nordeste.
"A eleição foi fraudada, mas nossos irmãos nordestinos não têm culpa disso. A culpa é do senhor Alexandre de Moraes e dos ladrões do PT."
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