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Zambelli, Eduardo, Kicis: o bolsonarismo raiz que será oposição na Câmara

Eduardo Bolsonaro, Carla Zambelli, Marco Feliciano e Bia Kicis - Reprodução de vídeo
Eduardo Bolsonaro, Carla Zambelli, Marco Feliciano e Bia Kicis Imagem: Reprodução de vídeo

Do UOL, em Brasília

02/11/2022 04h00

Diante da vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) contra Jair Bolsonaro (PL) na eleição presidencial, parlamentares do "bolsonarismo raiz" já se organizam para fazer oposição ao governo petista a partir do ano que vem.

Entre os principais nomes do grupo estão os deputados Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do presidente, Bia Kicis (PL-DF) e Carla Zambelli (PL-SP).

Com a maior bancada da Câmara eleita em 2 de outubro, o PL, partido do atual presidente e do clã bolsonarista, conseguiu 99 deputados.

A legenda de Valdemar Costa Neto agora abraça políticos da "ala ideológica" do governo em vigência, mas também parlamentares experientes do Centrão.

Comissões. Os liberais já se mobilizam para pleitear lugares de honra no Congresso, como a presidência e as cadeiras de comissões estratégicas no Parlamento.

Contudo, o grupo já se organiza internamente para a divisão de integrantes para os colegiados e suas respectivas presidências. Mas ainda esperam para avançar com os nomes —isso porque pretendem aguardar a articulação oficial na corrida à Presidência da Casa no ano que vem.

Aliado de Bolsonaro, o deputado Arthur Lira (PP-AL), que ocupa atualmente o posto, deve tentar a reeleição. Contudo, enfrenta resistência da ala ligada a Lula, que antes era oposição na Casa.

Pautas de costumes. Ao UOL Notícias, Zambelli afirmou que pedirá para participar das comissões de Educação e de Fiscalização e Controle. Neste ano, ela foi uma das apoiadoras do projeto que regulamentou o homeschooling (estudo domiciliar) — pauta defendida durante a campanha de Bolsonaro ao Palácio do Planalto ainda em 2018. A deputada também é crítica ferrenha do que bolsonaristas chamam de "ideologia de gênero" nas escolas.

Questionada sobre quais pautas fará oposição na Câmara, Zambelli afirmou que seria contra os pontos defendidos pela campanha petista sobre as políticas anti armamentistas, a promoção de medidas à população LGBT, a desmilitarização das polícias e a revisão de políticas do ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente).

A deputada Bia Kicis (PL-DF), por sua vez, disse que "se houver alguma proposta que seja benéfica à população, com responsabilidade fiscal, apoiará a população" e acompanhará as questões de agricultura familiar. Mas disse que será "ferrenhamente contra o aumento do estado e qualquer política que represente retrocesso nos grandes avanços à liberdade econômica, às reformas já realizadas desde o governo Temer e no governo Bolsonaro".

De acordo com a parlamentar, ela também fará oposição às medidas que, em sua avaliação, simboliza "retrocesso" nas políticas de segurança pública, bem como nas pautas de costume e de respeito aos direitos humanos, à proteção das crianças, da família e dos mais vulneráveis.

Bolsonarista na CCJ. Ao UOL Notícias, admitiu que é "candidata natural" à presidência da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara, um dos colegiados mais importantes da Casa, "pela importância do partido e pelo seu histórico". Em 2021, Bia ocupou o cargo na comissão, mas não conseguiu emplacar a pauta de costumes defendida pelos bolsonaristas.

Durante sua gestão, conseguiu aprovar o homeschooling e a revogação da PEC da Bengala, que reduz a idade para aposentadoria compulsória de magistrados do STF de 75 anos para 70. À época, o texto foi uma tentativa de ampliar o número de ministros que seriam indicados por Bolsonaro em um eventual segundo mandato.

Nem lá, nem cá. O desafio de Lula também será compor com outras legendas do Centrão, uma vez que o número de deputados que compõem a sua coligação chega a 122 dos 513 deputados —apenas 23 parlamentares a mais que a própria bancada do PL. Esse número não é nem a metade do quórum —placar mínimo necessário para aprovar projetos de lei.

Por isso, Lula terá que conversar com líderes de alguns partidos de centro que eventualmente se alinhavam às posições do governo Bolsonaro em votações de pautas específicas —principalmente aquelas de viés econômico—, mas não embarcaram de cabeça na campanha de Bolsonaro à reeleição, entre eles o União Brasil, PSDB e Cidadania.

O petista também espera conseguir negociar com deputados do MDB e do PSD, por exemplo, que não se posicionaram oficialmente favoráveis à sua candidatura, mas houve filiados trabalhando pela vitória do petista nas urnas.