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PL quer Bolsonaro como presidente de honra e diz que fará oposição a Lula

Valdemar da Costa Neto, presidente nacional do PL, em pronunciamento - Reprodução/YouTube
Valdemar da Costa Neto, presidente nacional do PL, em pronunciamento Imagem: Reprodução/YouTube

Do UOL, em São Paulo

08/11/2022 14h29Atualizada em 08/11/2022 15h46

O PL (Partido Liberal), do qual o presidente Jair Bolsonaro faz parte, se colocou oficialmente na oposição ao presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O anúncio foi feito na tarde de hoje pelo presidente da legenda e ex-deputado Valdemar Costa Neto, que também demonstrou interesse em ter Bolsonaro como presidente de honra da sigla.

"O PL não renunciará às suas bandeiras e ideais. Será oposição aos valores comunistas e socialistas. Será oposição ao futuro presidente. O Partido Liberal seguirá mais forte do que nunca na busca pela construção de uma nação unida, pela liberdade, verdade e fé", disse Valdemar Costa Neto, em coletiva em Brasília.

O PL conquistou as maiores bancadas tanto na Câmara quanto no Senado, com 99 deputados e 14 senadores (6 destes eleitos nas eleições deste ano).

Segundo Costa Neto, a maioria dos parlamentares eleitos defende "os mesmos ideais, valores e bandeiras" que o partido. Durante o pronunciamento, o presidente do partido também colocou o atual chefe do Executivo como responsável por "glorificar" estas ideias com a chegada ao partido: "O presidente Bolsonaro devolveu ao nosso povo o orgulho de ser brasileiro."

"Hoje nós queremos que ele [Bolsonaro] comande nosso partido. Queremos Bolsonaro à frente dessa luta que ele construiu para levar o nosso partido para um patamar mais importante", disse. Valdemar também disse que o presidente terá "toda a estrutura que necessitar" e que é "muito importante que ele corra o Brasil e continue fazendo política."

Resultado das urnas. Questionado se o PL pretende entrar com alguma ação na Justiça contra o resultado da eleição, Valdemar Costa Neto disse que "não". O presidente da legenda disse que foram feitos questionamentos à Justiça Eleitoral e esperam respostas, bem como vão aguardar o relatório da auditoria feitas nas urnas eletrônicas pelo Ministério da Defesa, que deve ser encaminhado amanhã para o TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

"Nós estamos esperando o relatório do Exército amanhã, para ver se tem alguma coisa consistente, para que ele [Bolsonaro] possa questionar o TSE", afirmou. Questionado se o partido apoiará Bolsonaro em contestações do resultado, Valdemar afirmou que o presidente só fará isso "se tiver algo real". "Bolsonaro é o nosso capitão, nós vamos seguí-lo no que for preciso", completou.

Lula foi eleito pela terceira vez. O petista teve numericamente a maior votação da história —o recorde anterior era dele mesmo, em 2006, com 58.295.042 votos. Esta é a quinta eleição do PT para a chefia do país — sempre em segundo turno — e a primeira vez que um presidente no exercício do mandato perde a reeleição.

Apoio à presidência da Câmara. Valdemar Costa Neto disse que o PL deverá apoiar o atual presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), para a reeleição, mas colocou como condição para isso a garantia que Lira "nos ajude, trabalhe para eleger nosso candidato no Senado".

"Nós temos a maior bancada na Câmara e a maior bancada no Senado. Não é possível que a gente não tenha a presidência de uma das Casas", disse, ressaltando que estão trabalhando para isso.

Sobre possíveis conversas entre Lira e Lula, o presidente do PL disse considerar normal as conversas, e que o presidente da Câmara pode estar conversando com o PT para "viabilizar a situação dele", mas que não acredita que o PT (Partido dos Trabalhadores) tenha força para conseguir a presidência de qualquer uma das Casas.

Punição aos que apoiarem pautas do PT. Há divergências no PL sobre os parlamentares que não seguirem a orientação da executiva e apoiarem pautas do novo governo petista. Os parlamentares mais ligados ao bolsonarismo defendem punição aos colegas. Mas há, também, uma expectativa de que a ala pragmática das bancadas do PL vai aderir gradualmente à agenda do Palácio do Planalto a partir da mudança de governo.

Pelas contas de políticos da federação que engloba PT, PCdoB e PV, a base de Lula no Senado pode chegar a 51 senadores, caso o presidente eleito consiga fechar acordo com outros partidos, incluindo siglas do Centrão.

* Com informações de Estadão Conteúdo