Tarcísio escolhe aliado pró-vacina de Kassab para secretário da Saúde de SP

O governador eleito de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), anunciou hoje que o ex-deputado federal Eleuses Paiva (PSD) será seu secretário de Saúde. O nome já era esperado porque ele participou da elaboração do plano de governo. A possibilidade de ele assumir a secretaria já havia sido sinalizada ainda antes de a campanha acabar.

Eleuses é médico, ex-vice-prefeito de São José do Rio Preto e ligado a Gilberto Kassab, presidente do PSD e aliado de primeira hora de Tarcísio. O futuro secretário foi presidente da Associação Médica Brasileira, é especializado em medicina nuclear pela USP e professor na Faculdade de Medicina de Rio Preto. Durante a pandemia, ele se posicionou a favor do uso de máscaras e da vacina.

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Sem entrevista no momento. O governador eleito declarou que um dos objetivos de sua gestão é diminuir o tempo de encaminhamento de pacientes para leitos de hospitais. Outra meta é ampliar a utilização da telemedicina. Eleuses Paiva esteve no prédio onde ocorre a transição e não concedeu entrevistas.

Ele é o segundo secretário confirmado para a gestão do governador eleito. Na semana passada, Renato Feder foi anunciado para a Secretaria de Educação. Pela manhã, havia a previsão de mais um nome para o secretariado ser divulgado também hoje, mas apenas o de Eleuses foi divulgado.

Também existia a expectativa de o governador eleito conceder uma entrevista coletiva, mas ela não ocorreu. E a explicação foi de que o excesso de reuniões impedia a conversa com a imprensa. Tarcísio enviou uma declaração por meio da assessoria de imprensa.

"O Eleuses é uma pessoa de extrema confiança, tem um perfil técnico, a exemplo do que eu prometido para o secretariado do estado de São Paulo, e participou ativamente da construção do nosso plano de governo."

Defensor da máscara e da vacina. O perfil de Eleuses Paiva confronta a gestão que o presidente Jair Bolsonaro (PL), aliado de Tarcísio, fez da pandemia de covid-19.

O futuro secretário da Saúde se posicionou a favor da máscara, do distanciamento social e da vacinação durante a crise sanitária. Diante do fortalecimento do nome dele para o cargo, bolsonaristas ideológicos reclamaram que ele não estava alinhado com o presidente.

Mas estas posições de Eleuses Paiva eram conhecidas quando foi escolhido por Tarcísio para integrar sua campanha. Antes mesmo de a primeira morte por covid-19 ser confirmada no Brasil, em março de 2020, o futuro secretário usava as redes sociais para divulgar medidas de prevenção como uso de álcool gel e de máscaras.

Vídeos foram publicados no Facebook mostrando a maneira correta de utilizar equipamentos de proteção e prestando homenagem a profissionais da linha de frente.

Sonho antigo. Era a primeira semana da campanha do segundo turno quanto Tarcísio visitou o Hospital das Clinicas, em São Paulo. Ele esteve com a oncologista Nise Yamaguchi, bolsonarista e defensora do tratamento precoce, e na saída declarou que preferia Eleuses Paiva à frente da Saúde.

"Teve um nome que coordenou meu programa na área de saúde e só não vai ser [secretário da Saúde] se não quiser. Quem coordenou meu programa de saúde foi o doutor Eleuses Paiva", disse em 11 de outubro.

Desistência de candidatura. A parceria entre Eleuses Paiva e Tarcísio vem desde o começo da campanha. Em maio, ele anunciou que iria coordenar o capítulo da saúde do plano de governo. A aliança foi reforçada em 20 de julho, quando abriu mão da candidatura a deputado federal para se dedicar somente a função.

A decisão ocorreu com intermediação de Guilherme Afif Domingos, coordenador da campanha e agora chefe da transição. Ambos são do PSD e próximos a Gilberto Kassab.

Redução no investimento. Além do anúncio do nome para a Saúde, outros temas foram tratados nesta quarta-feira. Pela manhã, a equipe de transição se reuniu com representantes do governador Rodrigo Garcia para tratar do orçamento para o próximo ano.

Ontem, Tarcísio declarou que ajustes precisarão ser feitos. A verba prevista para investimentos em 2023 é de R$ 30 bilhões, mas será reduzida por causa do fim de contribuição de aposentados e de um acordo com concessionárias de rodovias.

"O orçamento disponível para investimento deverá ser menor. Até porque, por exemplo, você teve a reversão de descontos para aposentados, R$ 2,5 bilhões de impacto, então isso vai sair de onde? Sai daquele recurso livre para investimentos. Então essas adequações e ajustes nós vamos ter de fazer", justificou Tarcísio.

Diante deste cenário, o governador eleito preferiu não fazer uma previsão do quanto de recursos terá disponível para investimento. Outro fator que vai influenciar no montante é o salário de Tarcísio. Um projeto de lei tramita na Assembleia Legislativa para aumentar seu salário em 50% —o vencimento passaria de R$ 23 mil para 34,5 mil.

O novo valor permitiria que reajuste para carreiras de estado como delegados e auditores fiscais. O impacto previsto é da ordem de R$ 1,7 bilhão.