Grupo golpista volta a ocupar Câmara em MT e atacar única vereadora petista
Um grupo de manifestantes golpistas voltou a ocupar a Câmara Municipal de Sinop (MT), cidade a 503 quilômetros de Cuiabá, na manhã de hoje para atacar a vereadora Graciele Marques dos Santos (PT) durante a sessão. O mesmo ocorreu na segunda-feira passada (28).
A motivação para os ataques teria sido uma fake news que circulou nos grupos bolsonaristas de que a vereadora iria protocolar um projeto de lei para a retirada na cidade dos acampamentos pró-golpe de Estado.
Imagens da sessão divulgadas hoje nas redes sociais da própria Câmara mostram que, em todas as ocasiões em que Graciele começa a discursar, o grupo vira de costas para ela.
É possível ver que o grupo é formado majoritariamente por homens vestidos com as cores da bandeira brasileira. Um deles chega a mostrar o dedo do meio para a petista.
Em uma de suas falas ao longo da sessão, Graciele agradeceu pelo apoio recebido e criticou os manifestantes pelos xingamentos proferidos a ela na semana passada. A vereadora classificou os ataques que sofreu como um "péssimo exemplo da Câmara de vereadores de Sinop para os nossos jovens e as nossas crianças".
Eu vou poupar vocês aqui e não vou falar os nomes que foram proferidos por algumas pessoas -- e aí não vou generalizar -- que dizem defender Deus, pátria e família, mas não são capazes de respeitar o exercício parlamentar de uma mulher trabalhadora que cresceu nessa cidade com muita honra.
Graciele Marques dos Santos
A parlamentar criticou colegas que não agiram contra os ataques sofridos por ela. As gravações mostram que alguns deles, incluindo o presidente da Câmara, Elbio Volkweis (Patriotas), riram da situação na semana passada.
"Tentativa de intimidação", diz vereadora. Graciele é a única mulher e única petista entre 15 parlamentares da cidade, conhecida por ser um dos principais pontos do agronegócio no país e um reduto bolsonarista — na cidade, o presidente Jair Bolsonaro (PL) ganhou com 76,59% dos votos contra o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
"De novo, o mesmo padrão, que é tentar impedir a minha fala, ficar gritando o tempo todo que eu defendo ladrão, ficar tomando satisfação de falas anteriores, filmar muito de perto minha assessoria. Na minha avaliação é uma tentativa de intimidação porque eles podem filmar de longe, mas eles têm sempre a postura de ir para cima", contou a petista ao UOL Notícias hoje.
Depois do ataque sofrido na semana passada, ela recebeu uma ligação do presidente eleito para manifestar solidariedade.
Manifestantes em menor número desta vez. O tamanho da plateia na sessão de hoje foi menor do que o registrado na semana passada, porque a Câmara passou a exigir o nome completo e o CPF daqueles que quisessem entrar no local.
A PGE (Procuradoria Geral Eleitoral) pediu ao Ministério Público Eleitoral do estado que apure suposta violência política de gênero contra a vereadora e que sejam adotadas medidas de segurança das vítimas e seus familiares.
A reportagem entrou em contato com a Câmara de Sinop por telefone e e-mail para saber quais medidas estão sendo adotadas para resguardar a petista, mas ainda não teve retorno. O espaço está aberto para manifestação.
Atos golpistas. Desde a vitória de Lula, em 30 de outubro, grupos golpistas realizam manifestações e acampam na cidade. Rodovias da região foram fechadas diversas vezes.
Os atos golpistas na cidade têm tido apoio da elite política e empresarial da região, incluindo o presidente da Câmara, que já foi filmado em bloqueios nas estradas ao lado de um dos suspeitos de colocar fogo em caminhões — e que foi preso pela Polícia Federal — e da ex-prefeita Rosana Martinelli (PL), suplente do senador Wellington Fagundes (PL).
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