'Paixão' de Bolsonaro: por que escolha de Múcio é controversa na Defesa

Anunciado como futuro ministro da Defesa pelo presidente eleito Lula (PT), o pernambucano José Múcio tem sua indicação rodeada de controvérsias.

Quem é ele?

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• Ex-deputado federal e ex-ministro do TCU (Tribunal de Contas da União)
• Fez parte de partidos do espectro político de direita, como a Arena, legenda que sustentou a ditadura, e passou por PDS, PFL e PSDB.
• Não tem experiência militar
• Se aproximou do presidente Jair Bolsonaro (PL), que disse ser "apaixonado" pelo ministro.

Zé Múcio, me permite, sou apaixonado por você. Gosto muito de Vossa Excelência, dos momentos bons, épicos na Câmara e também os maus momentos
Bolsonaro

O que rolou?

• Após a eleição, militares de alta patente das Forças Armadas (Exército, Marinha e Aeronáutica) indicaram nos bastidores que não aceitariam um nome "estritamente político".
• Múcio faz parte de uma promessa de Lula de não nomear um militar para a Defesa, que comanda as Forças Armadas.
• Mas, é visto como um meio-termo entre o petista e os militares --que cederam ao bolsonarismo.
• Nomeação põe fim às indicações de militares para o cargo, o que acontece desde 2016 (governo Temer).

O que a escolha significa?

• O nome de Múcio é bem aceito entre as alas militares, porque ele tem ótimo trânsito (já foi cinco vezes deputado e ministro de Relações Institucionais do segundo mandato de Lula)
• O general Hamilton Mourão (PL), vice de Bolsonaro, foi um dos militares que deu declarações positivas sobre a nomeação

Tenho muito apreço e respeito pelo ministro Múcio, com quem tive excelente relação quando ele estava no TCU. Julgo que será um nome positivo para o cargo
Mourão

• Múcio é aceno pacificador de Lula aos militares, coisa que não é bem vista por parte da esquerda.

"O nome do José Múcio quer dizer que o governo Lula cede às Forças Armadas num momento em que as Forças precisavam ter um redirecionamento".
Chico Alves, colunista do UOL

"Lula é um conciliador e faz todo sentido, por ser alguém que vai ter o papel de estabelecer com destreza um diálogo com setores que Lula percebe que podem ser resistência ao governo. Ele está pensando em sua sobrevivência política"
Mariana Kalil, professora da Escolha Superior de Guerra, à BBC