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Sem provas, bolsonaristas atribuem vandalismo no DF a 'infiltrados'

Ônibus incendiado por bolsonaristas em Brasília (DF) - Pedro Ladeira/Folhapress
Ônibus incendiado por bolsonaristas em Brasília (DF) Imagem: Pedro Ladeira/Folhapress

Do UOL, em São Paulo e em Brasília

13/12/2022 09h12Atualizada em 13/12/2022 17h09

Aliados do presidente Jair Bolsonaro (PL) rebateram as acusações de que os atos de vandalismo registrados na noite de ontem em Brasília foram realizados por bolsonaristas. Nas redes sociais, eles afirmam que os episódios ocorreram pela ação de "infiltrados", mas sem apresentar provas.

A reportagem do UOL, porém, testemunhou bolsonaristas participando dos ataques (leia mais abaixo).

Manifestantes de direita não se vestem assim. Figuras como essa são os infiltrados, espalhados por Brasília pra causar pânico, vandalizar a cidade, e jogar todo ódio na conta da direita."
Empresário bolsonarista Otávio Fakhoury

O ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira, disse que os ataques foram feitos por black blocs "que não existiram durante o governo Bolsonaro.

O ex-ministro do Turismo Gilson Machado disse que as pessoas que participaram das manifestações de ontem na capital federal "não fazem parte dos movimentos conservadores". "Indivíduos com táticas de guerrilha, fogo em lixeiras e veículos. Já vi esse filme antes", afirmou.

Em outro momento, Gilson compartilhou um vídeo em que pessoas colocam fogo em um ônibus e é possível ouvir gritos de "Fora Bolsonaro". O vídeo tinha a frase: "O pessoal que ateou fogo no ônibus gritando: 'Fora Bolsonaro' e ameaçando quem estava filmando". "Tem Método. Nós já vimos esse filme antes", escreveu o ex-ministro.

Porém, a jornalista Gabriela Oliva, do jornal O Tempo, rebateu a postagem do bolsonarista. "Olá, ex-ministro. Esse vídeo foi gravado por mim e os gritos de 'Fora Bolsonaro' são feitos por pessoas que estavam em um hotel ao lado com medo dos bolsonaristas que colocaram fogo no ônibus e depredaram patrimônio público. Sua publicação é mentirosa."

No Twitter, o ex-secretário especial de Comunicação da Presidência Fabio Wajngarten disse que os casos de ontem têm "muitos ruídos, muitas versões diferentes".

Para acabar com isso, investigação imediata, câmeras de monitoramento e depoimentos na autoridade competente. Infiltrados serão imediatamente desmascarados."

O deputado federal Bibo Nunes (PL), por sua vez, afirmou que as acusações de que os atos são de bolsonaristas são um "crime".

Esse modus operandi não é da direita."

"Em 40 dias de manifestações pacíficas eu nunca vi um manifestante de camiseta preta. Daí hoje me aparece uns 10 de uma vez quebrando e ateando fogo em carros", tuitou o blogueiro bolsonarista Gustavo Gayer.

Os atos contra a prisão foram convocados nas redes bolsonaristas. No entorno da sede da PF, uma movimentada área com shoppings, hotéis e empresas —inclusive de comunicação—, ônibus e carros foram incendiados e tiveram seus vidros quebrados.

Os atos se assemelharam à tática black bloc. Policiais federais e militares do Distrito Federal usaram bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha. Bolsonaristas revidaram com pedras.

Entre os que promoviam o tumulto não havia qualquer constrangimento ou intenção de esconder que faziam parte do "movimento" que "luta pelo Brasil". Em sua maioria com camisas verde-amarela, gritavam, em grupo, frases de ordem geralmente ouvidas em atos golpistas ou em comícios do presidente Bolsonaro, como "Brasil acima de todos" e "prende o Lula".

A reportagem do UOL presenciou dois homens fugirem do local onde um ônibus foi queimado na Via N1 vestidos de preto. Ao virarem na rua dos hotéis, atrás do Conjunto Nacional, um deles tirou uma jaqueta esportiva preta e jogou no chão. Ele vestia uma camiseta de malha militar por baixo. O outro colocou uma bandeira do Brasil imperial.

No viaduto sobre a Via N2, onde também houve confronto, uma mulher de camiseta amarela com frase em verde, que não se identificou, afirmou que todos que "não faziam parte do movimento" deveriam deixar o local porque "a coisa ia ficar feia". Dos hotéis, outras pessoas de verde-amarela ofendia a imprensa e incentivava os atos de terrorismo.

Mas o que aconteceu? Os ataques começaram depois de o presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), ministro Alexandre de Moraes, determinar a prisão temporária de José Acácio Serere Xavante, pelo prazo de dez dias, por suspeita de ameaça de agressão e de perseguição contra o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

O indígena é figura constante em protestos que pedem intervenção militar.