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Secretário de segurança é acusado de vazar operação contra garimpo em RR

Coronel Edison Prola, secretário de segurança pública de Roraima - Divulgação/Facebook
Coronel Edison Prola, secretário de segurança pública de Roraima Imagem: Divulgação/Facebook

Do UOL, em São Paulo

17/12/2022 15h59

Em entrevista ao jornal Folha de Boa Vista na última quinta (15), o secretário de Segurança Pública de Roraima, Edison Prola, revelou que o governo Lula planeja uma operação militar, nos primeiros 90 dias de gestão, para tirar os garimpos ilegais da terra indígena Yanomami, localizada no estado.

Eu participei de uma reunião com a equipe de transição do Governo Lula e o garimpo vai acabar, vai ser fechado no governo Lula. É uma questão de prazo já, em 90 dias uma operação militar vai encerrar o garimpo aqui
Coronel Edison Prola, secretário de Segurança Pública de Roraima, à Folha de Boa Vista

A declaração levou o PSOL a apresentar uma queixa-crime contra o secretário, que é coronel da PM (Polícia Militar), por violação funcional de sigilo. O caso será analisado pelo MPF (Ministério Público Federal), que decidirá se abre ou não uma denúncia formal.

A ação foi levada ao MPF com apoio da Urihi Associação Yanomami, que emitiu uma nota pedindo esclarecimentos. Na representação, o partido e a entidade indígena argumentam que:

  • Se houver uma operação contra o garimpo ilegal no local em 90 dias, a fala do secretário terá tirado o elemento surpresa contra o crime;
  • A revelação pode incentivar o garimpo na região, para que se retire o máximo de metais do local antes de uma possível operação contra o garimpo ilegal;
  • A fala pode incentivar violência e outras represálias de garimpeiros ilegais contra o povo Yanomami, que vive no local.

O UOL Notícias procurou a Secretaria de Segurança Pública de Roraima e aguarda manifestação. Se houver resposta, ela será incluída no texto.

Secretário afirmou que a operação não contará apenas com o Exército. Na entrevista, Prola disse que FAB (Força Aérea Brasileira), PF (Polícia Federal) e Ibama (Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis) também vão atuar na região.

O secretário avaliou ainda que o fechamento dos garimpos deve ter, como consequência, o aumento do tráfico de drogas na cidade, supondo que grupos criminosos que hoje atuam nas áreas de garimpo podem migrar para o tráfico.

As organizações Yanomami estimam que existam, hoje, pelo menos 25 mil garimpeiros instalados no território indígena. O contingente é semelhante à população indígena do local que, dividida em várias aldeias, soma cerca de 27 mil, segundo números do governo.

Além da violência e das ameaças, o povo Yanomami tem sofrido com contaminação pelo mercúrio e outros problemas decorrentes do garimpo, como a perda de condições para produção de alimentos e subnutrição de crianças e adultos.