'Valor incalculável': o que poderá ser recuperado após ataques em Brasília?
O diretor de curadoria dos Palácios Presidenciais, Rogério Carvalho, afirmou, em nota publicada pela Presidência da República, que será possível recuperar a maioria das obras vandalizadas em ataques golpistas em Brasília ontem.
A restauração de uma das peças, um relógio do século 17, no entanto, será "muito difícil", na avaliação do especialista.
O relógio de Balthazar Martinot foi um presente da Corte Francesa para Dom João 6º. Martinot era o relojoeiro de Luís 14.
Segundo o governo federal, há apenas dois relógios deste autor. O outro está exposto no Palácio de Versalhes, na França, mas tem a metade do tamanho da peça que foi completamente destruída pelos invasores do Palácio do Planalto.
Segundo Carvalho afirmou, em nota do governo federal, o Planalto reúne um dos mais importantes acervos do país, especialmente do Modernismo Brasileiro.
O valor do que foi destruído é incalculável pela história que ele representa. O conjunto do acervo é a representação de todos os presidentes que representaram o povo brasileiro durante este longo período que começa com JK. É este o seu valor histórico
Rogério Carvalho, em nota oficial
Além do relógio, também foram danificadas outras obras de arte. Veja alguns dos itens a seguir:
- na Câmara, a base da escultura 'Bailarina', de Victor Brecheret, não se encontra no local de origem após as invasões;
- a tela "As Mulatas", do pintor Di Cavalcanti, que fica no terceiro andar do Planalto, foi furada pelos terroristas. A obra é uma das mais importantes do artista e o valor está estimado em R$ 8 milhões;
- a obra "O Flautista", de Bruno Giorgi, é uma escultura em bronze e foi encontrada completamente destruída, com pedaços espalhados pelo salão. Está avaliada em R$ 250 mil;
- a obra "Bandeira do Brasil", de Jorge Eduardo, de 1995. A pintura, que reproduz a bandeira nacional hasteada em frente ao palácio e serviu de cenário para pronunciamentos dos presidentes, foi encontrada boiando;
- uma escultura de parede em madeira de Frans Krajcberg foi quebrada em diversos pontos. A peça está estimada em R$ 300 mil;
- o vitral "Araguaia", de Marianne Peretti, localizado no Salão Verde da Câmara dos Deputados, também foi destruído;
- a escultura "A Justiça", feita pelo artista belo-horizontino Alfredo Ceschiatti em 1961, foi pichada;
- o busto de Rui Barbosa, responsável pela criação do STF no modelo atual, em 1890, foi destruído;
- entre itens de valor histórico danificados pelos vândalos no STF, também está um tapete que, segundo informações do Supremo, pertenceu à Princesa Isabel;
- há imagens de diversos outros quadros ainda não identificados.
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