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Ibaneis nega negligência e atribui responsabilidade por ato a Torres

Depoimento de Ibaneis Rocha foi obtido pela CNN Brasil - Ueslei Marcelino/Reuters
Depoimento de Ibaneis Rocha foi obtido pela CNN Brasil Imagem: Ueslei Marcelino/Reuters
Paulo Toledo Piza, Anna Satie e Vinícius Nunes

Do UOL, em Brasília e São Paulo

13/01/2023 16h57Atualizada em 13/01/2023 18h51

O governador afastado do Distrito Federal afirmou hoje em depoimento à Polícia Federal que a responsabilidade de garantir a segurança dos atos do último domingo (8) na capital federal era integralmente da SSP (Secretaria de Segurança Pública), comandada por Anderson Torres, e disse não ter sido informado de quaisquer riscos.

No depoimento, ao qual o UOL teve acesso, Ibaneis diz que:

  • Recebeu do ministro da Justiça, Flávio Dino, relatos de "preocupação com a chegada de vários ônibus com manifestantes" no sábado.
  • Estava sendo informado desde sábado (7) da movimentação dos apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pelo secretário interino Fernando Oliveira, já que Torres está de férias nos Estados Unidos.
  • No domingo, disse ter recebido mensagens de Oliveira em que ele informava que a situação em frente ao quartel-general do Exército estava calma.
  • Viveu a manhã de domingo com normalidade, inclusive indo à missa do meio-dia, e retomando a residência para acompanhar as notícias pela TV.

Às 13h23, cerca de uma hora e vinte minutos antes da invasão do Congresso, o governador afastado disse ter recebido outra mensagem do secretário interino da Segurança.

Tá um clima bem tranquilo, bem ameno, uma movimentação bem suave e a manifestação totalmente pacífica. Até agora, nossa inteligência está monitorando, não há nenhum informe de questão de agressividade ligada a esse tipo de comportamento" Secretário interino Fernando Oliveira, em áudio, segundo depoimento de Ibaneis Rocha

O governador afastado afirma que teve conhecimento dos atos terroristas apenas às 15h39, pela TV. "Determinou ao secretário de segurança em exercício 'coloca tudo na rua' e na sequência ainda disse 'tira esses vagabundos do Congresso de prendam o máximo possível', informa o documento.

O governador acrescentou que foi "absolutamente surpreendido com a falta da resistência exigida para a gravidade da situação por parte da PM/DF", e que ficou revoltado quando viu cenas de alguns PMs se confraternizando com manifestante

Ibaneis disse entender que "houve algum tipo de sabotagem".

Após ver a invasão pela TV, Ibaneis disse que:

  • Recebeu outras mensagens de Oliveira "dizendo que as coisas tinham saído do controle, solicitando apoio do Exército e de outras forças de segurança".
  • Criou um gabinete de crise com a vice-governadora, o secretário da Casa Civil e o consultor Jurídico do DF para a tomada de decisões imediatas.
  • Acionou o batalhão de choque, a cavalaria, "até que, ao final da tarde e início da noite, conseguiram controlar a situação e dominar os prédios públicos depredados".
  • Exonerou Anderson Torres do cargo de secretário da Segurança.
  • Soube da possibilidade de a intervenção federal na segurança do DF, "quando pediu à vice-governadora e ao secretário da Casa Civil para prestarem todo o apoio necessário a quem viesse a ser o interventor.

O governador afastado disse ter perdido a confiança em Torres. Sobre a exoneração, disse que isso "se deu em razão do fato de que este [Torres] estava ausente do país no momento do trágico acontecimento".

Ibaneis se eximiu de culpa pelo que ocorreu. Em seu depoimento, o governador afastado disse "que recebia informes sobre as questões de segurança do DF e nenhuma dessas tratou de possíveis ações radicais" e que só obteve informações que realmente "importavam" da Secretaria de Segurança Pública. Também descartou que tenha dolo na negligência da PM-DF.

"QUE importa ressaltar que não cabe ao governador do DF examinar em minúcias questões operacionais de segurança; QUE não recebe o planejamento de segurança realizado pela PM, que fica a cargo do Comandante da PM/DF", diz o depoimento.

Ele afirmou ainda que "nunca integrou e nem muito menos foi ou é conivente com qualquer tipo de associação criminosa voltada a atos terrorista", e que "respeita as umas eletrônica e a Justiça Eleitoral como um todo".

A ida de Ibaneis à superintendência da Polícia Federal em Brasília hoje foi espontânea. Ele passou à PF os áudios que recebeu de Oliveira.

Após o depoimento, que durou cerca de três horas, ele disse que "respondeu a todos os questionamentos". "Espero ter deixado claro que não tive qualquer envolvimento seja por ação ou por omissão com os fatos ocorridos no domingo", acrescentou.

O emedebista foi afastado por 90 dias do governo do Distrito Federal por determinação do STF, que considerou que ele não agiu para conter os atos de violência.

Em nota, a defesa de Ibaneis disse que ele respondeu todas as perguntas dos agentes e não foi conivente com os vândalos.

Acampamento golpista

Segundo Ibaneis, o Exército impediu a retirada do acampamento de bolsonaristas localizado em frente ao Quartel-General, em Brasília.

"Algumas barracas chegaram a ser retiradas, mas o DF Legal, auxiliado pela Polícia Militar não conseguiu terminar todo o trabalho de retirada em razão da oposição das autoridades militares, diz o texto.

Questionado, o Exército brasileiro não respondeu à reportagem. Se o fizer, o texto será atualizado.